Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Eurídice Figueiredo

MulherArte Resenhas 05 | Pré-história de Paloma Vidal

Imagem
  Pré-história de Paloma Vidal (Rio de janeiro:7letras, 2020) - Por Eurídice Figueiredo No romance Pré-história ,  Paloma Vidal (2020) fala de um luto não pela morte de alguém, mas pelo fim do casamento. A narradora fala diretamente com o ex-marido, numa espécie de acerto de contas. Segundo Freud em Luto e melancolia haveria dois tipos de reação diante da perda do objeto amado:  o sujeito aceita a perda e começa a fazer o luto ou o sujeito não aceita a perda, incorpora aquele objeto perdido, tornando-se melancólico. O tom do livro é melancólico porque a separação ainda não foi bem resolvida, ainda ecoa nos sentimentos da narradora; a própria escrita faz parte do esforço para elaborar o luto da perda. Ela usa um mecanismo um pouco retorcido: insiste mais na cena inicial, o encontro dos dois adolescentes na festa de seu aniversário no play do prédio, do que em brigas que teriam levado à separação do casal, o que vai aparecer mais para o fim do livro. Já numa espécie de preâmbulo el

MulherArte Resenhas 03 | Escrever o luto: "O indizível sentido do amor" (2017) e "O coração pensa constantemente" (2020), de Rosângela Vieira Rocha

Imagem
  Escrever o luto: O indizível sentido do amor (2017)  e  O coração pensa constantemente (2020),   de Rosângela Vieira Rocha - por Eurídice Figueiredo Rosângela Vieira Rocha escreveu dois romances autobiográficos nos quais elabora o luto: em O indizível sentido do amor (2017) trata-se da morte de seu marido, chamado simplesmente de José, e em O coração pensa constantemente (2020), o foco recai sobre a irmã mais velha, que no livro recebe o nome fictício de Rubi, porque era uma verdadeira pedra preciosa. Em cada um dos romances, ao se colocar diante da morte, a autora rememora os últimos momentos, a doença, a vida pregressa daquelas pessoas que foram tão íntimas durante anos e agora jazem mortas. Apesar de saber vagamente da militância do marido durante a ditadura,   tem pouca informação porque ele não gostava de falar sobre o passado. Assim, já no primeiro capítulo de O indizível sentido do amor a narradora conta que viajou a Portugal para encontrar Alípio Cristiano de Freitas,