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Mostrando postagens com o rótulo Ilustrações

Duas crônicas tocantes de Sílvia Palaia

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Richard Blunt Bernard, o dinamarquês Ele era dinamarquês e veio para o Brasil a trabalho. Pela empresa. Eu trabalhava de freela numa agência de pesquisas (além de dar aulas) que me chamou para compor a equipe que faria a pesquisa cultural da tal empresa. Trabalho bacana, mas que exigiu fôlego. Uns três meses e muitas horas de trabalho. Aí conheci Bernard. Lindo. Loiro. Alto. Inquieto e curioso. Bernard falava inglês, francês, italiano e dinamarquês.  Eu, me arrastava no inglês, chorava em italiano, e murmurava em francês. Logo ensinei português pra ele. No final da pesquisa apresentamos os resultados e fomos comemorar o sucesso. Existia em São Paulo uma danceteria / balada/restaurante chamado Roof, ficava no último andar do prédio da Dacon - na Faria Lima - e foi lá que fomos comemorar. Primeiro jantamos e passamos para a danceteria. Drinks brasileiros , como a caipirinha, fazia a alegria dos gringos, dentre eles Bernard. Por incrível que pareça conversávamos bastante em

Um olhar poético - por Mariana Belize/4 poemas

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Carmen Luna Cavo pouco a pouco um buraco no quintal para enfiar dentro dele a mulher desiludida. *** quilates tradição e linhagem um de nome outra de sangue alheio no combate que não estive lava a honra no sangue e na espada fracamente a luz balança na casa onde a mãe e a menina se mantém cativas honra e glória para a posteridade do homem que primeiro assinou um papel de seu desejo a propriedade quem dera voltar no tempo e resgatar minhas delicadezas impossivelmente real como a padaria do outro lado da rua fechada sem tabuleta na porta sem ninguém que venda o pão sem alguém que olhe aqui pra mim neste quarto e me faça erguer os braços agradecendo por estar viva nada disso que mulher só fica vai ficando permanecendo cada vez mais quieta sem deixar rastros nem palavras catando etiquetas poeiras e as palavras já vai esquecendo permanece propriedade de outro. descansa, amor, dessa aflição

Minicontos de Quarentena - por Sonia Nabarrete

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Imagem Pinterest Cabelo Combinou com a cabeleireira: tão logo terminasse a quarentena, ela iria ao salão fazer alisamento para “dar um jeito” em seu cabelo afro. Odiava o cabelo, mas não poderia se aventurar sozinha ao procedimento. Foram meses de espera. Para se expor, nas poucas vezes em que precisou ir ao mercado ou à farmácia, usava um turbante. O recurso também era usado para participar de reuniões virtuais ou chamadas de vídeo. Ao final da quarentena, a cabeleireira ligou para propor um horário de atendimento. Ela olhou-se no espelho e descobriu uma linda mulher. O cabelo havia crescido e, com ele, sua autoestima. Confirmou o horário, mas apenas para uma hidratação. Pablo Picasso Lembrancinha Anotou o endereço de entrega, pagou a taxa, já incluindo a gorjeta, e explicou ao motoboy que era um presente para o namorado, na verdade, uma lembrancinha. — Posso saber o que é? — Um perfume. Ele achou que o pacote estava leve demais para ser um perfume e f

A força poética de Yasmin Morais - três poemas

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Desenho por W Patrick O DÉSPOTA     Que faria, se te impões, intruso, no Palácio de minha Memória? Tu que vens manchado, prenhe das lamúrias do Século. A perfídia segue-te, e és dissonantemente pérfido. Teus lábios destilam xilocaína, E afirmas, vil, o quão desejas entorpecer-me do Mundo. Lambo-te em cada uma das protuberâncias, se estamos solitários, Sob o Luar pálido, nas entranhas da Noite. Às tuas mãos ásperas, Devotaria, secretamente, a minha Carne. No rompante da Aurora, és arauto do temeroso exército inimigo, À noite, te refugias em meu Castelo, insosso e escamado. Curas cada uma das tuas feridas, em meu Leito desolado. E eu, que me deito sobre tua barriga de misérias, Negaria até a Morte, que a ti recebera, Nas entranhas de Mim. Atrai-me a tua imundícia, e a brancura de tua derme déspota. Traidor, te rastejas furtivamente, entre o Campo e meus Lençóis. Desperto, e há temor entre as Mulheres de meu povo. Teu Exército pisoteara nossa

Quatro poemas da "Feiticeira das Palavras"- Anna Apolinário

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Dennise Luengo Dédalo Absinto agridoce promíscuo, Veneno derramado no coração da Noite Teu amor é uma rosa partida Pétala desfalecida do meu verso mais solferino. Os meus olhos estão cheios de gana por ti, meu desejo embevecido, a doçura bruta da lascívia, rompendo silêncios de sinfonia do universo caleidoscópio lírico, circo metafísico. Que toda embriaguez seja enaltecida condecorada no deleite da poesia Faz-te meu amante, poeta, louco, libertino Enquanto eu desfaço sonhos, como quem fabrica estrelas na vertigem da boemia. Bendita serpente do Éden esquecido solfejou um ardente soneto Espalhando a semente no outono da tua noite entediada Lisergia de versos paixões & enigmas. Deixa-me suspirar um gozo, entorpecida como uma flor de cor escarlate perdida No jardim da tua carne perfumada orvalhada pelo meu feitiço pervertido & pagão. Permita que minha língua confabule em teus pulmões frívolos, Põe-te a gosto, degusta,

Cinco poemas de Luiza Cantanhêde - Uma imensidão de beleza

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Gabriel Moreno TRAJETÓRIA 'S Não sei se sou aldeia Ou aldeã  Não sei para aonde Meus sonhos fugiram  A galope Só sei que renunciei À dadivosa mulher  Que vivia cantarolando  Em meu peito Prefiro esta  Que se despe  À  contraluz Que bebe do respiro Uma exígua dose  De existência Gabriel Moreno AJUDA-ME A ENCONTRAR TEU GRITO Ajuda- me a encontrar o teu grito Tua luz apagada A vertigem de tua língua Inalcançável Ajuda-me a regar tua flor silvestre Nesta orla feita de sol e primavera Para mim, basta saber que me acolhes Em teu voo migratório. Quantos caminhos Até encontrar em teus olhos Um vestígio de eternidade? Meus pés (trôpegos no tempo) Perdidos, para refazer o caminho. É preciso apagar as pegadas Decodificar a trilha com a luz apagada Olho-me no espelho e minha cara é de deboche, Mas algum rasgo é de ignorância Alguma linha tem algo de Frida E da natureza morta no calo da vida. Não c