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Mostrando postagens com o rótulo Ivy Menon

Magia e delicadeza em uma história para crianças - por Ana Laudelina Ferreira Gomes

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imagem pinterest, sem anotação de autoria , Zambelê e a árvore dos amores I Zambelê e seus pais iam se mudar para um lugar bem longe de onde moravam. O menino viu a foto da futura casa, bem bonita, mas surpreendeu-se com o quintal, completamente vazio! Nenhuma plantinha nem dessas que nascem sozinhas, nem mato sequer! Foi quando sua avó Rosa lhe revelou um grande segredo: as plantas podem nascer das mãos dos homens. Zambelê ressabiou-se. - Como assim? Podem nascer plantas nas minhas mãos? A avó explicou melhor. - Não Zambelê, não nascem plantas NAS nossas mãos, elas nascem DAS nossas mãos. Nascem do trabalho de nossas mãos. Zambelê achou muito curioso que uma simples troca de uma letrinha a palavra pudesse mudar completamente o sentido do que a avó dizia. E ela continua a explicar: - São nossas mãos que cavam a terra para nela deitar as sementinhas, com as mãos as cobrimos com terra e lhes damos água de beber nos lugares onde as plantas forem plantadas.

A doce e bela poética de Jéssica Kauana: seis poemas

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Man Ray teus traços inspiram-me esboços poéticos salientam teu corpo ardente ousado em queimar a pele em lava nesse meu vulcão de desejos enquanto afogo-me em lágrimas e me debruço sobre esse abismo casual te falo meus anseios soprando em tua orelha o quanto quero sentir teus beijos expelindo doçura nos meus lábios escaldantes Tarsila do Amaral toda lua eu lembro... estávamos você eu e ela a flutuar pelo horizonte... Toulouse porventura escrevi: que teus lábios contêm doçura e, dos teus beijos, o néctar expele da tua boca com indescritível pólen ao meu paladar poeta Regina Velloso a luta é todo dia é contínua, é consonante andando ora fora, ora nos trilhos em direção de múltiplas liberdades ser e pensar o quê/como eu desejar enquanto eu viver, pregarei pelas vozes das mulheres e seus clitóris a gozarem cosmos. sem anotação de autoria faça sua música com vinho am

A intensa e desafiadora Poética de Tereza Duzai

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Quatro Poemas de Tereza Du'Zai Apenas mais um caso de feminicídio Ele a silenciou com intimidações, Disfarçou suas lágrimas com sarcasmos, Inibiu seus desejos com deboches e sadismos. Ninguém mais ouviu o eco dos seus gritos abafados por paredes de aço, Naquela casa, onde ela descobriu os diversos sentidos da solidão, Onde seus gemidos cessaram pouco a pouco, Onde um último sussurro, brutal e incompreensível, Mostrou-lhe um jeito inesperado de morrer. Por quê?... Quanta perplexidade havia em seus olhos! Seria ela de volta, a fim de salvar-se no momento final? Não, não havia sinais ou códigos que a conduzissem a um possível retorno. Ela parecia forte, cimentada pelo sangue de seu corpo. Alguém disse: "Deus fará justiça!". Alguém disse: "Foi a vontade de Deus"! Alguém disse: "Ele precisa ser encontrado para pedir perdão a Deus, antes que faça uma besteira com a própria vida". Alguém gritou: "Dane-se,

Uma excelente crônica de Wanda LL Cozzi

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  ilustração: escultura de Leninha Latalisa O homem por Wanda LL Cozzi  Só muitos e muitos anos depois, décadas talvez, pude compreender a risaiada de todos, seguida de um certo desconforto e o olhar de repreensão do nosso irmão mais velho, Dinho, naquela tarde quente em que tomávamos sorvetes e chupávamos picolés em sua sorveteria em Abaeté. O meu picolé e o da Fizinha com certeza eram de queimadinho com coco acima da metade que o Dinho, carinhosamente, fazia e deixava separado pra gente. Coitado do Dinho, a sorveteria dele não poderia mesmo ter durado muito tempo. Imaginem que éramos doze irmãos a tomar sorvetes e a chupar picolés de graça. E o pior: a levar uma quantidade enorme de amigos para fazer o mesmo.  Acho que eu devia ter em torno de dez, onze anos nessa época e naquela tarde minha irmã Lourdinha chegou na sorveteria com duas revistas de fotonovela - Capricho e Ilusão - e começou a ler o horóscopo de um por um. A gente vivia às voltas com fotonovelas e hor

Libertação imperdoável - crônica de Ivy Menon

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imagem de autoria de Nestor Villacampa Libertação imperdoável* por Ivy Menon Eu tinha dezesseis anos e ainda morava numa casa miserável perto do buracão de lixo, no fim da rua. O banheiro no meio do bananal. Não sofríamos com as faltas próprias dos que habitavam abaixo da linha da pobreza. “O amor cobre multidão de pecados”, aprendemos no texto sagrado. Meus pais se amavam. E também a nós.   No meio da miséria e da consequente invisibilidade, a perversidade se alastrava. Tínhamos muitos vizinhos. Quase todos espancavam suas mulheres. Vivíamos sob o signo do “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. O pai não permitia que sequer conversássemos com os meninos da vizinhança sobre o assunto. Baixávamos os olhos às marcas roxas no rosto das nossas parceiras de fome e dor.   Assistíamos, desesperados, a violência sofrida por Dona Arlete e suas oito crianças que moravam do lado. O homem da casa, aquele que mandava em tudo e arrebentava, no cacete, a mulher e os f

A questionadora e inquieta Poética da mineira Lázara Papandrea

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Cinco Poemas de Lázara Papandrea A luz. O túnel . O fim. O lugar. O ligar O lúgubre Ao feto. O afeto Ao filho Alheio. O seio De ontem Na boca Do agora. O veio Que escorre Ouro e sal O são Que ancora, Em sangue, Sobre as Cumeeiras antigas. Um poema espera, Ainda íntegro Das minhas descalabrosas mãos, Ainda íntegro De meus olhos infames, Ainda imenso Dos meus ossos, Preso aos ardis dos lírios Amarelos. Um poema espera que eu abra A caixa de Pandora e pague Pelos pecados concebidos No jardim de eros.                            O dia corta sem dó                            o seu nome.                            pó de café no fundo da                            saudade                            é também xícara.                            o que vem desavisa.                            fica o nó na divisa