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As fissuras do mal | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 04    –  Resenha As fissuras do mal  por Marília Kubota O dicionário registra dois significados para a palavra fissura. Uma formal, que significa  pequena abertura longitudinal, fenda, rachadura ou sulco, e outra informal:  apego extremo, forte inclinação, loucura, paixão. Os personagens dos contos de livro "Fissuras", de Henriette Effenberger (Penalux, 2018) trazem estas rachaduras. São párias, indivíduos que habitam as margens da sociedade: trabalhadores de classe social  inferior, mulheres que sofrem violência doméstica, jovens delinquentes, idosos, religiosos. O eixo comum a todos eles é  o sentimento de solidão.   Henriette narra com destreza, revelando domínio da linguagem. Com enredos despretensiosos,  envolve a leitora ou o leitor em uma tessitura viva, de modo a surpreender no final. O fecho dos contos acaba sendo o ponto forte das histórias. As rachaduras sociais irrompem nas frestas, revelando um conflito entre o Bem e o Mal. Neste emb

Meus anos de hikikomori | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 03    –  Crônica Meus anos de hikikomori  por Marília Kubota Nos anos 2000,  o psicólogo Tamaki Saitô criou o termo hikikomori. A palavra japonesa designa a pessoa, em geral jovem do sexo masculino, que fica isolada em casa, com apetrechos eletrônicos.  O fenômeno começou a ser observado com a popularização de computadores pessoais e celulares. No Japão, hikikomori são um problema de saúde pública. Com o isolamento social compulsório da pandemia , lembrei. Também tive minha  época de hikikomori. Durante três anos morei numa chácara, em bairro nos limites de Curitiba. Vendi  um apartamento no centro da cidade. Era uma fase de instabilidade emocional, motivada pela depressão. Não me entusiasmei a comprar um novo imóvel. Uma amiga médica ofereceu abrigo. A nova casa era o paraíso. Tinha  bosque, pomar, horta e  animais domésticos. Cachorros, gatos e coelhos conviviam com um cavalo, carneiros e pavões. De noite, grilos, sapos e corujas cantavam,  à luz de um