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Mostrando postagens com o rótulo Marcelo Sena

Uma colher de chá pra ele - Armando Liguori Júnior

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| uma colher de chá pra ele - 04 | " (...) Eu sinto e vivo com a poesia e pela poesia." Armando Liguori Junior TODO MUNDO LÊ POESIA O deputado leu um poema. Não entendeu, e ainda achou despudorado. Disse preferir os clássicos (Na certa lê Castro Alves, todas as noites, antes de dormir) O vereador leu um poema Não entendeu, e ainda achou inverossímil. O prefeito leu um poema E achou precário, mesmo sem entender lá muito bem. O juiz não leu um poema. Disse que prefere biografias Mesmo não lembrando a última que tenha lido O presidente perguntou Se esses poetas não tem coisa mais útil pra fazer Que o Brasil ganharia mais se eles trabalhassem um pouco O trabalhador não tem tempo para fazer nem para ler poemas Mas se tivesse entenderia que poesia não é coisa só de se entender. É mais. FERIDA A ferida seca confere à pele Uma camada frágil Gelo fino, vidro de sangue. A dor úmida e fresc

A beleza poética de Ana Maria Másala - Poemas&Frases

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Fotografia por Marcelo Sena Quatro poemas I Salvo apenas o súbito impulso de afiar o aço e apunhalar o tempo covardemente pelas costas (para não ferir o presente). Salvo apenas este desejo súbito de negociar com a morte a possibilidade de um voo ímpar flutuando na beleza de um futuro                  [que se inventa este tempo atravessa corrosivo meus delírios de alguma permanência Fotografia por Marcelo Sena II Agora, um pássaro pousa leve: um afago breve que arrepia a flor. Neste instante o mundo todo é pássaro… Eu, a flor Fotografia por Marcelo Sena III Bem sabes, não há quietude nas pedras. Não ouves o murmúrio do universo desenhando seus contornos? Fluxo que nunca cessa, também nas pedras a vida dança. Fotografia por Marcelo Sena IV Não sei se me resguardo Não sei se te enfrento Não sei que nome dar a este tempo ****** Frases de um tempo recent

Lia Sena - Seis poemas publicados em livros e um a publicar.

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Fotografia por Marcelo Sena : ponderações quase certo que a oficina de risos fechará as portas às três. [o expediente será quebrado] se o senhor das lágrimas insiste em implantar seu feudo em arrolar escravos aliciar as dores o que fazer pra se manter imune dono do seu próprio reino? como bater altivo no peito e gritar bem alto - sou dono do meu latifúndio? quase certo que resistirão os fortes guardarão os bosques enfeitarão os lagos com mágicas estrelas quase certo que a fúria implacável de monstros não resistirá aos anjos. [haverá plena colheita] e se não assola a fome, os homens a festa será plena. todos os moinhos girando todas as portas abertas. até as seis. Em De foro íntimo (Penalux/2018) Desenho por W. Patrick modus operandi recomendamos um certo ar blasé. nenhuma gentileza explícita nenhum olhar condescendente. os cabelos muito bem alinhados sempre. nenhuma felicidade aparente. nenh

Um Conto da maranhense Lindevania Martins

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Colheita Lindevania Martins O garoto levantou o braço, apontando o revólver de novo para Josefa, que perguntou: — Vai ser agora? Ele permaneceu mudo. Era uma lágrima caindo dos olhos avermelhados? Era quase um menino. Teria quatorze, quinze, dezesseis anos? Ela reclamou: — Vai demorar? Ele subiu o outro braço até a cabeça, afastando a franja que caía na fronte. Abriu a boca e fungou: — Não tenho pressa. Uns quatro metros de canteiros intercalados entre tomate e manjericão o separavam dela. A essa distância, ele não erraria. — Meu pai diz que a gente tem que colher com os dentes para comer com a gengiva. — Alguns nunca conseguem colher – Josefa replicou. — Não é o seu caso. Ao lado dela, no chão, o cesto de palha com os tomates recém colhidos. O revólver metálico, um calibre 38 muito lustroso, tremia na mão do garoto. — Conto até cinco e você sai correndo. Talvez eu atire, talvez não. — Não consigo correr. Meus joelhos são ruins. É o reumatismo. Por is