Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Marcelo Sena

Daniella Guimarães - poesia preciosa

Imagem
Fotografia por Marcelo Sena P atriarcado     conheci o ferro de passar roupas da maria ant ônia   desses de ferro mesmo onde se colocava brasa dentro pesava dois quilos e meio maria ant ô nia tornava tudo impec á vel len çóis brancos de puro algodã o interminá veis coleções de linho   os guardanapos de pano as cortinas   babados e vincos precisava ter punhos de ferro   pra satisfazer a patroa   pra satisfação do patrã o coitada da maria ant ônia   que vivia com medo de errar. Desenho por W. Patrick Das pedras nasci t ão branca e de olhos verdes que nem o bisav ô genov ê s mas sonhei  ter nascido com pele preta no cabelo um ninho de guaxe  um lá bio forte um seio robusto aprendi tamb é m coisas feias com a tradicional fam í lia mineira coisas que não ouso contar minha terra com ruas de paralelep í pedos ensinou propriedade, religião, fam í lia tudo pedra e pedra e pedra tudo bruto as horas suaves eram f

Um Conto de Rosângela Vieira Rocha

Imagem
Fotografia por Marcelo Sena Pupilas ovais Domingo é o único dia da semana em que não abre livros. Há dois anos vem estudando num ritmo alucinado, para concluir sua tese de doutorado em Biologia. A bolsa de estudos lhe garante o sustento, desde que viva de maneira frugal. Mora num apartamento de dois quartos, com quatro colegas, quase em frente à faculdade. Espera defender sua tese em alguns meses. Prepara-se para ser professor de uma grande universidade, pois está farto da vida de bolsista, que o obriga a contar moedas até para comprar os livros indispensáveis. Está sozinho nesse domingo. Seus companheiros, cujas famílias residem em cidades próximas, viajaram no sábado, o que fazem com frequência, deixando-o às voltas com sua pesquisa sobre lagartos do cerrado. Desde criança, antes de pensar em ser biólogo, é apaixonado por répteis. Aos oito anos o pai lhe deu uma enciclopédia sobre animais. Data daí sua paixão por cobras e lagartos: passou a ler tudo que encontrava

A Instigante Poesia de Rosana Píccolo

Imagem
Aquilae gosto das águias possuem a vidência dos anjos dos anjos caídos, sem salvação a gargalhada que assusta a lantejoula de fogo colada nos olhos    talhados a faca miram a estrela para desfazê-la em pó e picham                          (spray da noite mais negra) manjedouras Anel da noite vezes a górgona o venenoso cabelo vezes a amêndoa vermelha na palma dos ressuscitados vezes um dente da lua cavalo celta, crânio-pingente vezes o fole de um acordeão lata de peixe fiação vezes o coro do vento vezes nada só o pensamento das árvores negras   Lobo o lobo passa pelo bairro desembesta forma lhe dá o vento e a gola e a motocicleta suicida-se a rua em salas de estar likes e flanelas a luz denuncia o freio sanguíneo às câmeras, olheiras de portarias espiãs (cobrem a noite de roxo) ele desata a veia feroz e entrega o uivo II * a fuga do pássaro trama de s

De vez em quando um conto - Lia Sena

Imagem
Três As tímidas mãos branquinhas, preparavam vigorosamente as cocadas que à tarde, seriam vendidas no passeio da sua casa. Decerto causava espanto em algumas pessoas, era a esposa de um rico fazendeiro; mal sabiam que aquela era a única maneira de ter um pouquinho de autonomia, já que todo o dinheiro da família, era controlado e gerido pela outra. O filho caçula contou-me certo dia, essa história em detalhes; fiquei surpresa, não pela história que já intuía, depois de ouvir alguns pedaços, segredados pelos cantos, surpreendeu-me, a confidência dele; um homem de noventa anos, falando livremente, de forma tocante e dolorida, sobre a sua mãe; sobre a história de seus pais. Afirmou com toda segurança e forte carga de tristeza, que a mãe era uma pessoa muito doce, amorosa com todos, delicada e certamente, morrera de tristeza. Foi a primeira a morrer, embora fosse a mais nova, das pessoas que compunham tal enredo. O pai, Alfredo, casou-se com Isadora e nela fez os fi