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MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Nívea Sabino, Simone Andrade Neves e Paula Fábrio

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[Nívea Sabino] SEM MEDIR FALA Digo que a revolução será debochada Segue comigo vai ser rimada poetizada Te apresento em versos – a maior luta armada – Negra dominando a fala e a palavra por essa eu sei Que cê não esperava (fez de mim escrava) Filha da… empregada! que procurava vaga na escola “fraca” que não era paga Vim dizer que você fraquejou no plano de oprimir a negrada Lá na minha quebrada a gente rima “favelada” com” empoderada” Sapatão é as minas que irão te mostrar que seu “liliu” na mão diante do meu “não” é uma piada Ei, macho alfa! – Sofre não! Sofre não…! Nenhuma mulher mais independente da cor ficará calada enquanto houver outras violentadas Violeta é a cor que marca a luta de resistência ao roxo que ocê deixou Preta nagô, nagôôô… Vamos dizer do tanto que Dandara lutou Cê acha mesmo que só barbado resistiu ao escracho!? Eu sangro! – Faça-me o favor! Não passará,

MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Simone Teodoro, Clarissa Macedo e Nara Vidal

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[Simone Teodoro] A ESCAVADEIRA Era abril Eu arrastava mortalhas pelos espaços da casa sem sentido Eu arrastava mortalhas na palavra na boca da traça Lembrava a velha cicatriz na chaga aberta recém inaugurada de abril Abril dos ninhos desfeitos Abril do coração arrancado dos ossos por uma escavadeira Abril escuro como um grito por dentro. [Clarissa Macedo] C LICHÊ Não teve na vida pessoa que a inspirou: mãe, pai, tio, avô o que teve foi um dedo apontado na verruga mais triste na ferida mais velha. [Nara Vidal] Era eu. No reflexo do vidro era eu. Meu cabelo era uma juba bem cuidada, meticulosamente bagunçada, com cheiro de flor quase murcha não fosse por mim mesma a injetar-me de água, na tentativa de evitar a tragédia que é a morte plena. Morrer aos poucos ainda é alguma vida. Passei os olhos discretos pelo vagão. Um homem me chamou a atenção. Meio careca e já suado às oito da manhã. Traços finos, nariz

MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Thais Guimarães, Cinthia Kriemler e Micheliny Verunschk

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[Thais Guimarães] GRAU DE VISÃO envelhecemos e não há forma amena para contar tempo o que passou a imagem devolvida pelo espelho diz tudo sem palavras os olhos já não veem (sem óculos) o que não precisa ser visto [Cinthia Kriemler] FÉRETRO somos tantas as que vivemos carpimos rezamos trepamos amamos partimos somos tantas que me confundo sobre qual de nós morreu desta vez [Micheliny Verunschk] “Ora, se nunca se anunciara com tal fervor a existência de santos suicidas é que nunca antes se oferecera o patronato de um desses santos aos próprios suicidas. Nunca existira um alguém que intercedesse por essas almas. Alguém que soubesse na carne e no espírito os caminhos e descaminhos que levam ao ato extremo. E é a história desse santo, sua vida e morte, seu polêmico percurso, que aqui se vai relatar. Melhor dizendo, dessa santa, porque cabe às mulheres desde sempre, de Pandora a Eva, a faísca da subversão, a

MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Silvana Guimarães, Kátia Borges e Adriana Brunstein

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[Silvana Guimarães] AÇAFRÃO Uma coisa amarela, é isso o que eu quero. Quem sabe a lua nova, quem sabe um dia manso. Talvez um galho de sol sobre um rio cansado. Uma coisa amarela, eu quero, porque quero. Talvez, cheiro de outono, quem sabe, um pedaço de vento, folha, areia, coisa que vem de dentro. Qualquer coisa, eu quero. Da cor que regenera. Qualquer tom de amarelo, que não seja sorriso. Pode ser até um beijo, alguma coisa acesa. Fogo, faca, afago de tirar meu fôlego. Quero, porque preciso, alguma coisa qualquer. Quem sabe uma palavra, ainda que fosse suja. Quem sabe só uma flor chegando com urgência. Uma coisa amarela, talvez. Como um susto. [Katia Borges] TEU MOVIMENTO Antes que te chame o pelotão de fuzilamento repara o pássaro apara o dia. Há um olhar que se derrama lento sobre a vigia e graciosidade no andar do carcereiro. Antes, sim, que chamem o teu nome, anota num papel ou na parede certo verso de cimento. Na argam

MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Líria Porto, Mariana de Matos e Maria Valéria Rezende

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[Líria Porto] eu's narciso mergulha n’umbigo e insiste : espelho espelho deus existe alguém no mundo? [Mariana de Matos] foi no bnh da ilha que eu aprendi a chupar mel de flor e no centro da cidade eu aprendi a me perdoar por me perder valadares da pedra negra e do largo rio doce do minério de ferro do coiote covarde e da água podre minha paisagem de mercúrio onde o sol força fazer refúgio minha língua índia minha estrangeira figueira minha insubmissão ao dólar à hiprocrisia e à franca fronteira canto que com negros não há zelo onde mulheres indecisas decidem e muitos homens cultuam o medo valadares você quer me manchar de lama mas mesmo na mina eu estudo a dança [Maria Valéria Rezende] “ Percebo, Senhora, que, embora outra desgraça possa me acontecer a qualquer momento e quiçá me veja outra vez sem meios para escrever-Vos, continuo a errar por tantos assuntos sem nenhuma utilidade – a não ser a de dar-me a mim o gozo