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Mostrando postagens com o rótulo Poesias

Preta em Traje Branco | Reminiscências - uma resenha poética de Mada Scavassa

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  Coluna 6 Reminiscências - uma resenha poética de Mada Scavassa   Conceição Evaristo narra as mazelas sociais, a vida sofrida nas periferias, os preconceitos, a violência com os corpos negros, prostituição, abandono e mortes. Da tecitura de suas narrativas, resgato minhas memórias e os olhos naturalmente se enchem d'água. Verdadeiras nascentes!  Iguais as da minha infância, que de pequeninas corriam e formavam o Pinheirinho. Íamos nadar, sem a permissão dos nossos pais, não era muito raso e eles sabiam disso, conheciam bem, porque usavam para lavar as nossas roupas, quando faltava água.  Conceição é mineira como minha avó, minha mãe, já no primeiro conto me fez viajar até Olhos d’água, Januária, mesmo com a abundância do Velho Chico, que irritava boa parte da lavoura, a fome imperava. Fala da parca comida, o vazio do estômago e a garganta chega dar um nó. Não vivi isso, minha avó nos reunia para contar sobre a vida difícil na roça, a morte do meu avô, por malária e a vinda para Sã

Preta em Traje Branco | Ana Paula de Oya em Tríade de Versos

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  Coluna 5 Ana Paula de Oya em Tríade de Versos Xirê Motumba a todos os Orisás! Esu , que me dá caminhos, Ogum , que me mantém na trilha aberta e certa. Osóssi , que não me deixa perecer na falta da fartura. Omolu , que não me deixar faltar a saúde e energia. Ossain , que não me deixa esquecer da minha raiz. Osumare , que me abençoa com arco-íris e chuvas de transformações. Iroko , que me faz firme. Logun , que me deixa contemplar as belezas. Osum , que me enche de riquezas, também as de sentimento. Iemanjá , mãe que me acolhe. OYA , o vento que me aponta o certo e o errado, força que move, mãe que me ensina. Oba , que não me deixa desanimar nas lutas. Ewa , que não me permite deixar de sonhar e concretizar os sonhos. Nanã , que me abençoa com mais um ano de vida. Sangô , que me mostra a justiça certa de Orisá. Osalá , que molda a cada dia minha Ori. Ibejis presentes na alegria inocente de cada momento de felicidade. Que no Sirê da vida esses sempre venham ser meus alicerces, minhas

Preta em Traje Branco | Pequenas Prosas Poéticas de Susana Malu Cordoba

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Coluna 4 Pequenas prosas poéticas de Susana Malu Cordoba https://pixabay.com Se pudesse desaprenderia tudo sobre essa máquina de moer gente, sobre essa necessidade de produtividade, que não me faz sentir viva. Se eu ousasse permaneceria inerte beijada pelo vento, acalentada pelo gorjear dos pássaros. Se em mim corresse o fio da coragem, acompanharia a transmutação das nuvens por horas a fio. Abriria o relicário da infância, estática deixaria o entardecer cair sobre meus olhos, e na penumbra me amaria sobre a luz da lua. Ficaria ali corpo imóvel, imaginando mundos ou nada Seria feliz na miudeza de existir. *** O silêncio me pariu Lembro da vertigem que me acometeu,   logo após meu nascimento. A boca amargava decepção. Em meus olhos refletia a lembrança das senhoras de face endurecida que colecionam derrotas com a elegância de quem carrega  troféus. Pensei em quantas vezes o silêncio haveria de me parir para que eu me tornasse essa couraça rígida de mulher

Preta em Traje Branco | Maternidade e Aprendizado | Crespo Sim

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  Coluna 2 Maternidade e Aprendizado Consciência racial através de um nascimento Desde o meu primeiro mês de gestação, fui levada a refletir sobre condição racial, sobre negritude, sobre o que é pertencer a esse grupo, e o que é ser negro neste país. Filha de mãe preta e pai branco, sempre fui definida como “morena”, “parda” por conta do tom de pele mais claro. Logo no início da gestação passei por uma experiência atravessada por questões raciais. As pessoas faziam inúmeros questionamentos, do tipo: _ como será que vai ser o cabelo da bebê? _ será que vai ser morena? _ Cor de jambo? _ será que vai ser preta? Como se não bastasse essas falas racistas, ainda ouvia: Você vai ter que passar muito óleo na mão para fazer trancinhas no cabelo da bebê, e riam... Chegavam a fazer desenhos com duas bolinhas pretas dizendo ser a representação da minha filha. Não tinha graça alguma, pelo contrário, me perguntava a todo instante o porquê das pessoas se incomodarem tanto com a cor da pel

Preta Em Traje Branco | 5 poemas de Valéria Rufino

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Coluna 1 Cinco Poemas  de Valéria Rufino                                Dentro de si distúrbio                                                                                             Fora sigilo                                                                *****************************************                                                                                     Pensabundos                                          Ou se vive                                                  e se vira                                         Ou se morre                                                  e se pira                           Pirajá são pensamentos                                        Pensabundos andam os homens                         Homessa! Andança das bestas, à procura de pastos                                          Andante rei à procura de um trono                                                       Tronantes cegos, à procura de luz.