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Preta em Traje Branco | Falsa Liberdade por Lu Amor Spin

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Coluna 36 https://pixabay.com/pt/users/fietzfotos-6795508/ Falsa Liberdade Dia treze de maio de oitenta e oito É mentira o que dizem para o povo. Negros não foram libertados, Continuaram escravizados. Milhares pelas ruas, sem emprego, Sem ter onde morar e o que comer Se desdobrando pra sobreviver, Que liberdade é essa que falam Se os negros continuaram marginalizados. Resistindo dia a dia, Lutando pra não ver sua cultura morrer. Há séculos tentam nos tornar invisíveis, Jongos, congadas, capoeira, proibir, Mas não podem apagar de nós a história, E a memória do grande guerreiro Zumbi. O negro tão bem construiu as riquezas do nosso Brasil, Mas nas capas dos livros, alguém já viu? E não me venha dizer que o Pedro descobriu o Brasil, A história não é contada da maneira como deve ser Nossos meninos e meninas precisam se reconhecer Walt Disney, contos de fadas, Cadê os príncipes e princesas pretas Para representar a criançada. Antes de persistir com o seu discurso sobre laicidade, Procure sab

Preta em Traje Branco | 4P - Pretas, poetas, parceiras e poderosas

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Coluna 35 4P - Pretas, poetas, parceiras e poderosas  "Não misturo, não me dobro/  A rainha do mar anda de mãos dadas comigo/  Me ensina o baile das ondas e canta, canta, canta pra mim/  É do ouro de Oxum que é feita a armadura que guarda meu corpo/  Garante meu sangue, minha garganta/ O veneno do mal não acha passagem." Carta de Amor - M. Bethânia E da seiva de cada verso brotado, das salinas gotas que cortam nossa pele, trazemos nossa magnitude de ser. Mulher preta é encontro, o primeiro olhar de sua igual, na passagem pela escada do metrô de cabelos coroados, endredados, aqueles sorrisos de completude. O abraço a distância de um conselho pra firmar a Orì. Mulher preta é deságue, é mar revolto, maresia... é brisa. Cada uma de nós irmanadas carregamos no peito e na fronte o mesmo desejo de ocupação e visibilidade. Mulher preta é aguerrida, é batalha,  é sorriso, luta sem perder o brilho. E foi assim, que na humildade de querer me completar, de querer me refazer, que produzim

MEU PAIDEUMA FEITO DELAS: com Simone Teodoro, Clarissa Macedo e Nara Vidal

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[Simone Teodoro] A ESCAVADEIRA Era abril Eu arrastava mortalhas pelos espaços da casa sem sentido Eu arrastava mortalhas na palavra na boca da traça Lembrava a velha cicatriz na chaga aberta recém inaugurada de abril Abril dos ninhos desfeitos Abril do coração arrancado dos ossos por uma escavadeira Abril escuro como um grito por dentro. [Clarissa Macedo] C LICHÊ Não teve na vida pessoa que a inspirou: mãe, pai, tio, avô o que teve foi um dedo apontado na verruga mais triste na ferida mais velha. [Nara Vidal] Era eu. No reflexo do vidro era eu. Meu cabelo era uma juba bem cuidada, meticulosamente bagunçada, com cheiro de flor quase murcha não fosse por mim mesma a injetar-me de água, na tentativa de evitar a tragédia que é a morte plena. Morrer aos poucos ainda é alguma vida. Passei os olhos discretos pelo vagão. Um homem me chamou a atenção. Meio careca e já suado às oito da manhã. Traços finos, nariz