Postagens

Quatro poemas de Diana Pilatti | "Palavras Póstumas"

Imagem
  Eliane Fraulob Quatro poemas de Diana Pilatti "Palavras Póstumas" Os poemas a seguir fazem parte do livro Palavras Póstumas ( volume 5 da II Coleção de livros de bolso do Mulherio das Letras, Editora Venas Abiertas, Belo Horizonte/MG, 2020 ), que traz poemas sobre mulheres vítimas de relacionamento abusivo: solidão, medo, violência psicológica e física, e feminicídio. As ilustrações são de Eliane Fraulob. * senti a típica rudeza fálica entrando no meu corpo indiferente sem sabor                  |  obrigações sociais  |   lembro do menino de olhos claros que uma vez elogiou minhas tranças: refúgio-infância   Eliane Fraulob olha o que me fez fazer!   outra vez já não estranho mais esse sabor hemácio na língua   lavou a louça e meu silêncio arranha as paredes da cozinha   socorro inaudível outro sonho translúcido pelo ralo Eliane Fraulob não sei meus sonhos minha voz já esqueci meu gosto meu verso meu verbo só sei o s

Um conto de Regina Ruth Rincon Caires | "Epitáfio"

Imagem
  Fonte: pixabay.com Um conto de Regina Ruth Rincon Caires Epitáfio Domitila sentou-se novamente ao lado do minúsculo túmulo, debruçou o corpo sobre ele, como se o abraçasse. Fechou os olhos e sentiu uma paz que havia muito não sentia. Não tinha mais cansaço, nem dor, não havia mais agonia. Cumprira a missão. Tudo começou por ali, nos arredores daquela vila. Ali viveram seus pais, e ali elas nasceram. Tempos difíceis, sem qualquer recurso. Lembrava-se dos olhos tristonhos da mãe ao falar sobre o encanto da filha mais velha. Da vivacidade dos seus oito meses de vida, da alegria, da pele rosada, dos olhos cristalinos, das coxas roliças. E, num repente, na extensão de apenas um dia, ela se foi. Começou com um pequeno desarranjo, julgado como reação pelo despontar dos dentes, e no começo da noite agravou-se com uma febre incontrolável. Mesmo com a débil claridade da lamparina, ficava visível nas pequenas bochechas rubras a intensidade da febre. E a prostração do amado corpinho evidenci

Resenha do livro de poesia infantojuvenil GARIMPO, de Líria Porto

Imagem
(Capa do livro GARIMPO ) NO GARIMPO DE VERSOS E RIMAS RARAS por Nic Cardeal  No livro  GARIMPO  (Belo Horizonte/MG: LÊ, 2014), finalista do Prêmio Jabuti - poesia/2015 - , a  espetacular poesia de LÍRIA PORTO mais uma vez   faz maravilhosa dupla com as incríveis ilustrações e capa de Silvana de Menezes. O livro é, de fato, um autêntico garimpo de versos e rimas raras, palavras soltas, finas asas! ERA UMA VEZ uma LAGARTA, ou será que era só um risco RASO e sinuoso, indo de um lado a outro da calçada, entre ACORDES e recortes, procurando a rota certa da estrada, e a palavra a servir como genuíno GUIA da saudosa alegria. Tudo sempre é possível no GARIMPO das palavras: tem verso pra CONQUISTA, pra NAMORO, INDIFERENÇA, DESENCANTO, e até pra danada INDIGESTÃO: "mastigo mastigo salivo/ engulo as palavras rumino-as/ elas retornam à língua/ azedas" (2014, pg. 18)! Mas não precisa ficar triste não, porque a peneira desse GARIMPO é miúda apenas na sua tecidura - e

Seis pinturas de Susy RabiscArt | Desejo de voar

Imagem
  Susy RabiscArt Seis pinturas de Susy Susy RabiscArt Desejo de voar Susy RabiscArt Susy RabiscArt Susy RabiscArt Susy RabiscArt Susy RabiscArt "Escolhi ser conhecida artisticamente como Susy RabiscArt . Sou desenhista, colorista, pintora e ilustradora freelancer. Trabalho com cores marcantes para passar sensações em minhas obras. Amante das Artes desde o nascimento, sigo aperfeiçoando minhas técnicas ao longo de minha existência. Dedico meu tempo criando artes diferenciadas e exclusivas, com um estilo único, entre surrealismo e psicodelia, no qual externalizo sentimentos. Meu objetivo é fazer o espectador sentir e/ou fazê-lo se questionar sobre a mensagem proposta."

ERA UMA VEZ 7 I De mãe leitora à escritora: a literatura infantil de Silvia Delázzari

Imagem
“Quando acordo e vejo o sol Dou mil pulos de alegria Bola, bonecas, barquinhos Brincar muito – que euforia!   Porém, se a chuva aparece, Nunca fico triste, não. Logo encontro o que fazer Dominó, xadrez, pião.   Esse lindo poema está no livro Catarina – a tartaruga poetisa da escritora paulista Sílvia Delázzari cuja temática é a resiliência. Esta é abordada a partir da perda de uma olimpíada de matemática e de um concurso de desenho sofridos pela protagonista, o que a deixa com raiva e muito muito triste.   Com a ajuda de seu melhor amigo, Calopsildo, Catarina vai compreendendo que altos e baixos fazem parte da vida e, assim, resolve seu conflito interno ao mesmo tempo que descobre seu maior talento. Silvia Delázzari iniciou sua produção na Literatura Infantil por causa da maternidade, a primeira história foi criada com e para a sua filha. Na época, ela passava muito tempo fora de casa, então encontrava uma maneira de estreitar os lações afetivos com a filha,