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Cinco poemas de Claudia Miranda Franco | "Moenda"

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  Carabo Spain por Pixabay.   Cinco poemas de Claudia Miranda Franco Moenda O moinho gira, roda. Prensa, aperta. Na dança da necessidade, Eu Grão, verde/ora/duro, seco, sede, Cede, se esfacela pelo chão Hoje eu não quis/ não... Não ser, não haver, não há. O que será que tem do lado de lá? Eu nau, vago, vaga, perdida, em qual ferida se desfez meu coração? Namoro com a sombra... Corri aqui e acolá. Fugir? Ela nunca esteve fora, No centro, dentro, fio fino, frio... por um triz No escuro os olhos não doem.   Quem manda! Saia já daí! Já disse que ali não pode, Caminha no meu corpo, Navegue no meu suor... Mas aqui não! Minha mente é particular.   E, quando privada de sentidos, Qual o sentido? Cercada... segue, Há trincheiras, minas E mesmo nesse terreno incerto Sobrevive, aqui ainda mando eu! Despido de sua ausência Preâmbulo nas ideias Vasculho lugares onde você não está... Quando raro, encontro um canto, e veja só: aqu

Sete poemas de Rozana Gastaldi Cominal | "Aos protagonistas da cultura viva"

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  Pexels por Pixabay   Sete poemas de Rozana Gastaldi Cominal "Aos protagonistas da cultura viva" Incógnita   O que há entre mim e você? Regras gramaticais, alquimia interina ou lacunas vazias? *   Flâmula poeta sou sigo a voz que   chama solta e revolta sigo o peito que inflama   poeta sou solto a voz que alumia a estrada onde companheiros me esperam com o coração na epiderme japanibackpacker por Pixabay   Em tempo de guerra   imperfeitos gomos defeito genético em todos os cromossomos não há dna que nos alivie do que somos * Em tempo de paz destros e sinistros nem sempre perfeitos em todos os compromissos há tolerância para os casos omissos *   Decreto fora da lei ·          Dedicado a Thiago de Mello, o poeta da floresta, o homem das vestes brancas   Aos protagonistas da cultura viva fica decretado que vamos cuidar um do outro um cuidar não  por obrigação um cuidar que envolve cheiro, beleza, es

De sacadas e varandas | Marilia Kubota

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  MOSAICO Coluna 28    –   Crônica DE SACADAS E VARANDAS por Marília Kubota Moro num pequeno apartamento de um quarto, no centro de Curitiba. Há uma sacada para a rua, para a qual, há alguns meses, arrastei a mesa de trabalho. Assim posso receber mais luz, à tarde, e ver o sol se pôr. Dali, vejo apenas dois vasos da área comum de meu condomínio, as lixeiras, os prédios vizinhos e um trecho da rua.  Na casa de meu pai, em Paranaguá, ao contrário, há uma grande sacada dando para a rua. Lá dá para ver uma praça onde está instalada a Biblioteca Pública Municipal, um estacionamento,  várias casas, muitos prédios. Estou tergiversando sobre vistas de sacadas. Gostaria de falar sobre a vizinhança.   Meu  vizinho em Curitiba tem gaiolas com  pássaros que cantam durante quase o dia inteiro. No início da pandemia, enquanto eu cumpria o isolamento social restrito, eram eles que me alegravam. O vizinho da casa de meu pai também cria pássaros. E plantas. Da janela de meu quarto, dá para ver um mamoe

Divina Leitura | Sororidade e quebra de estereótipos em "Contos de Yõnu" de Raquel Almeida

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  Coluna 14 Sororidade e quebra de estereótipos em  Contos de Yõnu de Raquel Almeida  _ por Divanize Carbonieri   Em Contos de Yõnu (2019), Raquel Almeida apresenta uma galeria de mulheres comuns vivendo situações cotidianas em algumas cidades brasileiras. No entanto, é justamente nisso que parece residir a novidade do livro. São perfis de personagens que nem sempre encontraram expressão na literatura mainstream . A mulher comum, termo que se refere, na verdade, a milhões de indivíduos únicos que se localizam no amplo território do que se denominou de subalternidade, certamente não ocupou, na história dos estudos literários, o mesmo espaço que os homens brancos de classe média ou alta. É quase como se ela não pudesse ser vista como protagonista, como se suas histórias não tivessem interesse literário. O Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília, sob a coordenação da professora Regina Dalcastagnè, desenvolveu um estudo em que foram analisa

Preta em Traje Branco | Quinteto de Versos de Valéria Rufino

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Coluna 7 Quinteto de Versos de Valéria Rufino Poesia Não se explica Mas implica   Olhos sem pálpebras Vou fechar os meus olhos e me perder no vazio. Dentro da escuridão imensa, Onde eu não veja o sofrimento, nem tão pouco me sinta inútil. Nesse vazio na alegria mortal Na vida sinto a morte como um pulsar de dor intensa, Ah! Essas células que me foram impostas, Vida que eu não te quis, Vida pela qual nada fiz.   O sol brilha iluminando a podridão, o vento sopra a poeira do chão em olhos sem pálpebras, de um ser quase inato, Que sofre sem ter Que morre sem ver.   Eu durmo em minhas críticas, e acordo navegando em súplicas. Não quero mais abrir os meus olhos, quero dormir eternamente, pensando na morte é que me sinto gente.   Cotilédone Nascer é sentir o prazer esgotante da primeira respiração. É esticar as pernas pra fora do corpo de uma mulher, Como a primeira folha que surge do sêmen. Mostrando sua cor verde na terra v