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Preta em Traje Branco | Um giro no atelier de Lelé Gomes

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Coluna 31 Um giro no atelier de Lelé Gomes A vida é de ser encontro. As múltiplas linguagens que traçam intertextos com a poética da existência. Lelé Gomes é uma multiartista. Uma criatura adorável no jeito, no trato e no fazer. É das descobertas multicolores, que imprimem versos visuais na paredes, papéis, mentes, no intangível, na virtualidade. Essa miscelânea cósmica do ser mulher e traduzir em Arte o olhar candura para o mundo. Por Guiniver  1          “Desenhando a poesia, poetizando o desenho”, 2020. Desenho em papel A4 (297x210mm) , 150 m/g², Aquarela e caneta nanquim (291x205mm) – Em meio ao isolamento social, ocasionado pela pandemia de 2020, sentir o toque da pessoa amada com o sabor do café é uma dança poética. 1.        “Nem vou citar o nome”, 2021. Desenho em papel A4 (297x210mm) , 150 m/g², canetas marcadores à base de solvente – A ilustração é um retrato @evesilva feito a partir de uma foto que postou nas redes sociais. Os dreads, óculos, a posição e o empoderamento da

De Prosa & Arte | Quando ela disse não

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Coluna 36 Foto by Maria Aparecida Castro Augusto Quando ela disse não Espera-se de nós gentileza, resiliência, paciência, candura, "postura", maternidade romântica, que sejamos "boas de cama", e que sejamos fiéis aos desejos do patriarcado. Ninguém nos conta, que dar conta do manejo de todos esses desejos alheios é capaz de tolher nossa caminhada, inibir nossa criatividade, imobilizar nosso corpo e frustrar nossos desejos. Daí a gente passa uma boa temporada numa trágica performance "feminina dócil". É sempre a última a sentar a mesa, nossas gargalhadas precisam ter um controle cirúrgico - não ser tão escandalosa que chame a atenção e nem ser tão miúda que nos torne  invisível - precisa estar no molde social ideal.  Usamos os banheiros com as crianças à porta, precisamos saber onde estão meias, cuecas, brinquedos preferidos, chupetas, o dia da reunião da escola, o motivo da nota baixa do filho mais novo. Saber separar por cor e textura as roupas do marido,

Cinco poemas de Kelly Midori | O universo da leitura

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  Imagem de  Free-Photos  por  Pixabay. Cinco poemas de Kelly Midori O universo da leitura Homenagem ao escritor Escrever desperta a imaginação Com muita emoção. Escritor é um herói Que nem um cowboy. Ele escreve muitas vidas, Mas nem todas são lidas. Eles criam muito lugares. Personagens e seus pares. Por isso, se você é um escritor, Você é um vencedor! Pois todo leitor Tem muito amor. Homenagem à leitura Ler livros é fundamental E genial. Você entra em outro universo E vamos para outro verso. Com a leitura você aprende E sente As emoções dos personagens. Expande a criatividade Sendo para qualquer idade, Ampliando a imaginação Impressionando qualquer barão. Portanto, leia sempre! Não vai se arrepender! Até deu vontade de ler. Imagem de Hermann Traub por Pixabay.   Harry Harry é o garoto que sobreviveu, Uma história se envolveu. Houve muita magia E bruxaria. Portanto, todos devem ler E conhecer Esse universo. E esse foi o verso. Mochileiro Havia um mochileiro Bem

Um poema de Imaculada Moura | Relembrando o Tempo de Criança

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  Imagem de Yuliya Harbachova por Pixabay.   Um poema de Imaculada Moura Relembrando o Tempo de Criança  Vejo a velha paineira,  dela tenho boa lembrança.  Minha paineira querida  fez parte da minha vida.  Era uma boa amiga,  mais linda quando florida.  Em sua sombra eu deitava,  olhava as nuvens e sonhava.  Sonhava acordada  vendo aquela beleza,  quando as nuvens se mudavam  com tanta delicadeza.  Ora era uma figura,  ora outra escultura,  e isso me encantava.  Quando olhava lá para o horizonte  via aquele grande monte,  parecia tão perto do céu...  a mente então voava  e batia forte as asas.  Lá em cima então eu chegava.  Com um bambu na mão, Só bastava um cutucão  para o céu se abrir  e bem rápido eu podia subir,  e até falar com Deus. Por que é assim o destino?  - Eu quero ser um menino!  E falava sem rodeio:  - Ser menina, eu odeio.  Pra menina tudo é feio,  pro menino é sem maldade.  Apesar da pouca idade  eu sentia a diferença,  e na doce inocência  eu tinha fé que um dia daria

Para não dizer que não falei dos cravos | Quatro poemas de Renato Suttana

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Coluna 22 Quatro poemas de Renato Suttana JOGO   Espetáculo vazio: minha mão sustinha a rosa, e a tua buscava o fio.   Espetáculo circense: na corda eu me equilibrava, e ignoravas o suspense.   Eu fazia uma pirueta no centro do picadeiro; e ias ao mundo, discreta.   Espetáculo deserto: eu dizia uma palavra, mas teu ouvido era incerto.   (Eu formava um pensamento de asa e cor na tarde morna; e tu fugias no vento.)   Espetáculo vazio: meu sentir batia à porta, e o teu ignorava o frio.     ABRO A MINHA PORTA   Abro a minha porta. Abro-a para ti, para que tu possas entrar.   Abro a minha porta para que entres na casa e para que possas morar nela comigo —   na minha casa situada próximo ao círculo dos gelos, quase alcançando o Polo Norte,   entre os esquimós: a minha casa com as portas abertas e as janelas.   Abro a minha porta para que possas amanhecer dentro dela, como a melhor palavra dentro da voz,   como o melhor sol dentro da mais clara manhã, ajudando-a a amanhecer quando chega o inv

Entrevista com a poeta Michaela v. Schmaedel | Por Fernando Andrade

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  Entrevista com a poeta Michaela v. Schmaedel Por Fernando Andrade Fernando Andrade (F. A.): A imagem do coração batendo a vida toda, sem cansar, numa melodia percussiva, parece ser uma literalidade para a vida. Mas seu livro, já pelo título, faz um belo contraponto para esta canção que pode ser triste como uma balada. O coração nos toca naquilo que temos de mais terno, que são as afecções que nos enternecem de pulso, mãos, e dedos. Como foi esta mudança de imagem? Michaela v. Schmaedel (M. S.):   O título veio do poema "Autorretrato", um dos primeiros que fiz já pensando no livro. Depois, uma amiga que sabia da minha ideia de usar Coração Cansado como título me mandou um outro poema com o mesmo termo, do italiano Araldo Sassone, que coloquei na epígrafe. A verdade é que usar a palavra coração como uma metáfora das nossas emoções é algo bem conhecido e bastante utilizado. Mas quando me veio esta parte do poema: "da minha total descrença no mundo, / do meu coração cansa

Dois poemas de Arundhathi Subramaniam | Traduzidos para o português por Shelly Bhoil

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Imagem de StockSnap por Pixabay.   Dois poemas de Arundhathi Subramaniam Traduzidos para o português por Shelly Bhoil Um lar   Dá-me um lar que não é meu, onde posso entrar e sair dos quartos sem deixar um rastro, nunca me preocupando sobre encanamento, a cor das cortinas, a cacofonia dos livros ao lado da cama.   Um lar que posso usar com leveza, onde os quartos não estão entupidos com conversas de ontem, onde o eu não incha   para preencher as fendas.   Um lar, como este corpo, tão estranho quando tento fingir, tão hospitaleiro quando decido que estou apenas visitando.   Home Give me a home that isn't mine, where I can slip in and out of rooms without a trace, never worrying about the plumbing, the colour of the curtains, the cacophony of books by the bedside. A home that I can wear lightly, where the rooms aren't clogged with yesterday's conversations, where the self doesn't bloat to fill in the crevices. A home

Cinco poemas de Angela Dondoni | Migrações

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Imagem de Chris Martin por Pixabay.   Cinco poemas de Angela Dondoni MIGRAÇÕES   Reconcilie-se com os seus sonhos O céu nunca é o mesmo Às vezes, a lua se mostra Durante o dia A primavera pode Despertar mais cedo E o vento sempre busca novas rotas ARTÍSTICO    Colore meu rosto De arco-íris  Borda meu coração  Com estrelas de felicidade Desenhe nos meus olhos  A esperança  Toque uma música  Para minha alma Pinte uma aurora Boreal  E me dê de presente  Com a sua companhia Imagem de Hanjörg Scherzer por Pixabay.     ALINHAVOS    Nas mãos da avó  um pedaço de pano  se tornava um vestido  calça ou casaco Roupas especiais  Costuradas com as lembranças  De uma infância distante Os retalhos unidos  Com tanta ternura  Se transformavam nas mais belas costuras    ABSOLUTA   O luar arquiteta Diferentes formas Pra encantar Lua cheia Nova crescente Ou minguante No céu Ou revestida de mar De tantas formas