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Para não dizer que não falei dos cravos 01 | Sete poemas de SEH M. PEREIRA

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  Para não dizer que não falei dos cravos (01) Sete poemas de  SEH M. PEREIRA , em:  "DISTANTE  COMO  OS DEUSES SURDOS" AÇUDE  (pp. 5-6) severina atravessava o rio com a vista. e via o velejo partindo                                            a perder de vista se pudesse                       construiria uma barreira no rio, com as pedras do caminho ninguém consegue manter a guarda levantada, de suas lembranças, por muito tempo  severina atravessava o rio com a vista e ia, pérola                        até onde a vista alcança. via: o veleiro, o pescador, o aceno o longe                  e vesgava o joelho em sinal de reza. e sem escudos: ou atiro-me no rio e despeço do veleiro ou não peço ajuda e  jogo fora os remos. concha da concha do mar                                                 e que não se perdeu. severina. ou recuso a minha própria ajuda e jogo fora os remos ou despedaço as esperas e finjo paciência; mas viver à deriva, isso eu não consigo -*-  fotografia do arq

Minha Lavra do teu Livro 03 | "INVISÍVEIS OLHOS VIOLETA", de ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA, por Nic Cardeal

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  Minha Lavra do teu Livro 03 - resenhas afetivas -   A INVISIBILIDADE  FEMININA NA VELHICE  Na realidade, não faz diferença, jovem, velha, quem se lembra, lá bem fundo, lá no alto, faz tempo que me tenho por inteiro. Reflexos? Só no espelho. Deixem-me ficar velha.   (Nic Cardeal, in: Reflexos, ‘Sede de céu’)   Em INVISÍVEIS OLHOS VIOLETA (Rio de Janeiro/RJ: Ventania Editorial, 2022), ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA trata de um tema muito importante nesses tempos de relações tão líquidas, ou já quase gasosas: em um romance realista, traz à pauta a necessidade de refletirmos não somente sobre as verdadeiras  razões das dificuldades amorosas enfrentadas pelas mulheres da terceira idade, como também sobre meios de modificar, ou mesmo aceitar, de maneira  mais tranquila, essa realidade. De acordo com a escritora, “a partir dos 50 as mulheres vão ficando invisíveis e eu quis explorar esse assunto” (em artigo de Letícia Perdição, para a coluna ‘Entretenimento’, do site ‘Met

Pés Descalços 09| Quando o coração bate mais forte

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  Quando o coração bate mais forte Meu filho, pela primeira vez, foi a um velório: pediu para ir. Quis representar suas irmãs, que estavam fora de Cuiabá, dar um abraço no amigo delas que perdera a mãe. Aos seis ou sete anos de idade, não me recordo bem, perdi o avô materno, que estava desenganado há meses. Esteve em nossa casa entre uma lamúria e outra, daquelas idas aos hospitais, até o finado dia em que não saiu mais da rede suspensa entre as paredes e o telhado. Havia uma mesa marrom em madeira compensada no formato retangular com gravuras que lembravam os nós de uma árvore, e as cadeiras soltando os parafusos, faziam o jogo de uma mesa de jantar. Era um lugar reservado para visitas, conforme o gosto autoritário de minha mãe. Em uma daquelas manhãs, por volta das nove horas, um pássaro sobrevoou o quintal e pousou na janela, ao lado da rede. Nesse mesmo dia ele se foi. Primeiro o pássaro, depois meu avô. Mamãe ao ver o mensageiro da morte tratou de espalhar a notícia. Logo de

A POESIA, O TRAÇO, A FOTOGRAFIA DE RAQUEL CAROLINA CARDEAL | Projeto 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora   8M Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) fotografia do arquivo pessoal da autora   Mergulhe no traço, na poesia e no olhar fotográfico de RAQUEL CAROLINA CARDEAL : desenho da autora fotografia do arquivo pessoal da autora   Não adianta limpar os dentes: é falsa a dentadura que ilumina o espelho. Equilibrar um copo na cabeça  e nele uma mulher que jamais me seguirá,  tudo isso é ilusão. Nem inventar cafés cômicos  ou tentar arrancar de uma mão o que não existe. Mentiras são balelas forjadas  entre gotas de suor e aflição contínua. As ladeiras ainda me perseguem  enquanto os ônibus já rodaram cerca de mil horas

A POESIA LÍRICA DE ROSE ARAUJO | Projeto 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora 8M (*) Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) Encante-se com a poesia reflexiva e sensível, humanista e delicada, de  ROSE ARAUJO (**) : O VOO DO TEMPO Ao versejar ela percebe o pontuar do instante _ sutileza da alma. Ela espia e cria, transmuta o momento.  Absorve o voo livre do tempo. -*- POR DIZER Não é a linha mas a palavra Não é a medida mas a dimensão  Não é o acabamento  É a infinitude daquilo que habita o dentro -*- ÁVIDA Procura-se gente grávida de lua procura-se gente em estado de poesia procura-se gente que partilhe esperança  -*- NINFANTES Que Cecília nos visite, Ana César nos inspire.  Manoel de Barr