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De Prosa & Arte | Atrás da Porta

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Coluna 18 Foto acervo e arte @guigapreta by picsa Atrás da Porta Quanto aprendo sobre mim estando atrelada a um punhado e tanto de recordações que outrora foram realidade viva e latente. Sinto um frenesi, um alvoroço. Um estranho medo de me ver assim, desprotegida de mim mesma. Ando enamorada de um eu que já se perdeu, remexendo partes assustadoras do meu íntimo.   Quanto aprendo sobre mim mesma ao refrear impulsos insanos, manter distâncias seguras e o silêncio. Silenciar é fechar a porta, aquela onde escondemos tudo. Tudo que amedronta pensar. Aquela nossa estranha porção, que não desejamos que percebam. É, tem de tudo no quartinho de bagunças.   Quanto aprendo sobre mim mesma quando percebo que minhas palavras contundentes influenciam aqueles perdidos, e me fazem cúmplice de todos os crimes cometidos por eles.   Silenciei. Mas meu silêncio é ruidoso aqui dentro do peito. Doloroso e patológico, permeado das coisas que não pude desvendar, que não soube descrever, de verdades que preci

De Prosa & Arte | Dos pesos que ela dispensou no caminho

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  Coluna 17 Foto acervo Dos pesos que ela dispensou no caminho “ Talvez eu seja mesmo este furacão louco / Talvez eu seja mesmo um exagero na sua vida / Uma parte do caminho que você não compreende / Uma chuva que cai no meio do verão / Você está certo sobre mim / Eu não sou flor que se cheire. Sou flor que se beije ” Por Helena Ferreira . Ultimamente ela tem a sensação de ser assustadora para eles. Isso lhe causa certo estranhamento, tudo nela parece excesso, exagero, descontrole aos olhos deles.  Quem sabe ela só seja assim mesmo?  É só um jeito de ser. Não é uma afronta, tampouco uma provocação. Mas eles não sabem lidar com mulheres como ela, que tenha a sutileza da brisa e a ação devastadora de um tornado concentrado na mente, no corpo e na alma.  Elas são a própria natureza em transformação. Mulheres que não se apavoram, não emudecem, não fogem e não desistem. Mulheres que desejam, que conquistam, que exploram, que pulsam vida. Ela tem condição de ser quem é independentemente del

De Prosa e Arte | Numérico - de encontros insanos, amores escassos, vamos ao jogo!

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Coluna 16 https://pixabay.com/pt/illustrations/xeque-mate-xadrez-figures-2147538/ Numérico - de encontros insanos, amores escassos, vamos ao jogo!  Ela não tinha ideia do poder que escondia na sua aparente timidez, aquela pulsão que às vezes a acometia, não sabia de onde vinha. Tinha medo da própria lascívia. A vida toda tentou conter, controlar, sufocar a sua insaciedade.  Quando o radialista chegou ela ainda não se sabia tão voraz. Não imaginava que aquele encontro era gatilho para disparar sua natureza esfomeada, dele só soube o primeiro nome, dois encontros casuais, encantou-se de seus dreadlocks. Mas a culpa consumiu a consciência, por isso às vezes se esquece do gosto. Jurou não mais ceder a própria insanidade, pois tinha medo de descer ladeira abaixo sem controle. Então, concentrou-se em manter seus pés e o resto do corpo distante de problemas... mas aquele chegou com pés de bailarino, e valsaram alegres por uma boa temporada. Ele lhe apresentou um espelho diferente daqueles que

De Prosa e Arte | Quod Nomina - Crônica em Versos para homens que uivam pra Lua e mulheres que adoram Lobos.

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  Coluna 15 Quod Nomina - Crônica em Versos para homens que uivam pra Lua e mulheres que adoram Lobos. fonte pixabay.com Era dia primeiro do ano que começava com ausências das mais variadas origens trazidas na herança de um velho ano de dor, luto, contendas políticas, religiosas, muitos desgastes e distância. Tudo poderia ser apenas o início de mais um ciclo de muita labuta, sem muito brilho, pompa ou circunstância no confinamento dos nossos lares e dos nossos pensamentos. O prenúncio habitual dos inícios de ciclo de refazimento pessoal, energético e espiritual não estavam tão aparentes como de costume. Havia uma sombra naquele primeiro dia do ano. Uma desesperança, uma certa solidão gritando no íntimo. A solidão sempre esteve lá de maneira simbólica, mas agora além disso era física. Eu tão habituada às permanências seria obrigada a recomeçar a partir desta inimiga agora palpável. Confesso que ainda estava tateando possibilidades dentro desse novo contexto. Solidão é algo assustador pa

De Prosa & Arte | A benção e o traje branco

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  Coluna 14 Foto acervo A benção e o traje branco Nunca entendi bem quando criança essa coisa de pedir a benção aos mais velhos/experientes. Como não era um hábito familiar, eu me incomodava quando ia a casa de minha avó paterna  e minha mãe dizia: _ Peça a benção. Fiz algumas vezes a contragosto e por obediência. Achava que era uma prática religiosa arcaica na qual por algum motivo desconhecido eu nunca me encaixei. Quando adolescente, rebelde e respondona, minha mãe desistiu de me orientar sobre. Senti que meu amor pelos mais velhos (os mais queridos, claro) transcendia esse hábito mecânico ao qual me obrigavam. Quando conheci a família do meu ex marido, outra vez me deparei com a prática de pedir a bênção. Via meus cunhados fazendo isso com os pais e tios. E embora não houvesse a mecânica que me incomodava, ainda não tinha sido movida a acreditar que pedir a benção podia surtir mais efeito do que dizer: _ Tchau vó… e olhar em agradecimento pra ela por me pentear os cabelos e fazer c

De Prosa & Arte | Religare e Recomeço

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  Coluna 13 RELIGARE e RECOMEÇO Estamos vivendo o caos político e religioso vemos atrocidades sendo cometidas em nome da religião no cenário mundial.  Racismo, Preconceito, Xenofobia, Homofobia, são o mote da atuação desses políticos-religiosos, que entendem apenas a verdade inerente ao seu próprio umbigo.  O Astral da Umbanda tem reforçado  nas minhas reflexões que sempre foram espiritualistas, que o tônus vibratório de uma civilização também determina sua condição de ascensão e/ou sofrimento. Política e religião nunca estiveram separadas, precisam ser sempre analisadas em suas especificidades e tratadas como elementos que perfazem nossa condição de ser social. A primeira Polis é um conceito que precisa ser aprendido e revisitado coletivamente. A segunda não é obrigatória ou universal, é apenas uma escolha. Estamos envoltos em pensamentos que infelizmente são consumistas, capitalistas, egoístas, traduzindo nas  comunidades um pensamento individualista pernicioso. Falta solidariedade

De Prosa & Arte | Guinevere, Guynyver, Guiniver... é nome?

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Coluna 12 Guinevère,Guynyver,Guiniver é nome? Quem no início dos anos 80 seria capaz de compreender o significado de um nome tão incomum? Muitas vezes as pessoas me perguntam qual a origem do meu nome? Qual a motivação para escolha da minha família (mãe)?  Hoje é muito tranquilo dizer e ser reconhecida por ele, porém nem sempre foi tão legal, fácil e prazeroso falar sobre isso. Agora mesmo precisei “ corrigir o corretor” que só me chama de Jeniffer cada vez que uso a digitação por áudio. Algumas pessoas me perguntam também porque eu assino apenas o prenome em muitos lugares? Inclusive na minha primeira publicação literária. A história de aceitação do meu nome remonta a toda minha infância, onde cada erro de pronúncia escrita ou pedido de soletração produziam um incômodo revirar de olhos da minha parte. Logo que acessei a escola e comecei a constituir minha figura social, o meu nome virou um problema linguístico. Fui chamada de Gulliver, Guiner, Jennifer, Guiviner, Guilniver entre outro