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Uma colher de chá pra ele - Wanderley Montanholi

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|Uma colher de chá pra ele 10| Seis poemas do livro inédito -  POEMAS PRA VOCÊ APRENDER A RESPIRAR I. No Passado   Depois de toda a verdade que restava De todos os enganos nas estradas sem retorno De toda chuva que escorreu pelos vidros das janelas empoeiradas das tuas coxas De todas as pontes elevadas Impedindo a passagem Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Depois do teu cheiro na varanda do meu peito Do teu jeito na bola de cristal Que brilha na mesa da sala Das lições que ninguém ensinou Depois de toda a música do piano Que continuava a tocar De todas as fotos queimadas no barro Depois de tudo Depois do mundo Depois do fundo Havia o ar Armar loganzillmer Sonho sempre que meu corpo é como um lago Profundo, escuro e com a claridade interna de um desespero em vaga-lumes E mesmo que a lâmina afiada da morte Tente apagar a luz dos olhos que outrora foram meus E mesmo que tente apagar o amor, o tempo, as nuvens doces em algodão A roda da vida gira em sorte e encanto Trazendo a

Morgana Poiesis | um conto e um poema

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Edward Ladell NOTAS DE UM OUTONO ANTES QUE TARDIO ( por Morgana Poiesis ) (…) caiam as folhas ao vento, às margens do rio, sob o sol brando de outono. As flores cultivadas na primavera haviam sido queimadas ao calor mesmo do verão, e agora uma cesta com frutas apodrecidas sobre a mesa, de tudo que colhera nas últimas estações. Olhava para ela como quem contemplava a própria morte, silenciosamente, enquanto fumava o seu cigarro habitual, na porta da cozinha, logo pela manhã. Lembrava de uma parábola em que as frutas estragadas deveriam ser separadas daquelas em bom estado, pois estragariam todo o resto. Mantinha-se passiva diante da necessidade dessa seleção, a inércia se sobressaía à consciência, e as frutas seguiam em um lento processo de desintegração, à sua frente e pelo decorrer dos dias, preenchendo o ambiente com um dissabor insuportável. Logo o outono se transformaria em inverno, e o que seria dela se    degenerasse junto com as frutas? Sentia o aroma do café que

Quatro poemas de Rita Delamari

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Gabriel Moreno "Agora ela é a sua própria lança!" ESCOMBROS Meu peito inflama com uma chama que me invade de incertezas. A cada tombo me levanto e organizo meus escombros. Dimitra Milan FORTALEZA Em meio à selva, abdicou do medo, escolheu a presa! Carrega o escudo, o lobo é companheiro... Deusa que vive a proteger os indefesos, fortaleza! Deusa lunar... Não teme o escuro... Pelo caçador, não mais será abatida... Guerreira da paz! Agora, ela é  sua própria lança! Gabriel Moreno REDENÇÃO Uma mulher que resiste, e insiste em viver... Maria, que em sua sina, serviu-se de força, trabalhou a autoestima. Acolheu tantas outras... Deu-lhes guarida, para seu fortalecer. Guerreira revestida do bem! Seguiu sempre em frente, desviando os espinhos. Direcionou-as, as Marias ao exato caminho,  o qual deveriam seguir. Ela foi ainda m

Alma&Luz - A poesia de Ana Cleusa Bardini - seis poemas

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Tanya Shtseva Dor aguda Profundamente Num grito ferido Teu olhar trincou Meu olhar de vidro ### Dor servil na pele tua eu vejo a cor da tua alma nua nos teus olhos a dor à flor da pele tua a tua derme na minha fincou a ancestralidade do teu cerne o teu sangue forrando o solo foi o grito no colo da realidade crua... Monika Luniak Teus excessos vertem desafetos arranham meus neurônios inquietos ### Olho estrelas Derrubo café Vou ao chão Me ajoelho Junto cacos Esvazio espaços Faxino coração Gabriel Moreno MARCAS Na mente aflora a árvore da consciência com seus galhos seus frutos e sementes No pescoço, uma corrente presa à matéria em decomposição Nos ombros a arcada da existência Nos braços o símbolo da dimensão Os seios jorram mistérios e desejos O umbigo faz a divisão. Os pés prendem raízes à terra, que fincam

A poesia plena de Angela Zanirato - cinco poemas

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Gabriel Moreno Iniciática     atravessei meu mar morto pra renascer ancoradouro de mim meus barcos naufragados submergiram à fúria de minhas ondas internas cicatrizei ferida do casco fechei vãos preenchi vazios -já entendo de tormentas e tsunamis sou anfíbia na noite plena de peixes. Gabriel Moreno Ziza grávida de seis meses ouviu comentários: vão prender o grupo dos onze! aqueles, que comiam rosas vermelhas o marido, ferroviário, fazia parte do grupo correu ao quarto esconder o livro de Marx subiu na escada o velho guarda roupa despencou sobre seu corpo o sangue escorreu pelas pernas lavou o chão a ditadura invadia também os úteros foi assim que a criança não nasceu um filho de comunista a menos disseram as famílias de bem da cidade. Gabriel Moreno Das vaidades   não é qualquer tábua que me salva não me prego em qualquer cruz choro a seco tudo que costura