Postagens

Mostrando postagens com o rótulo In-Confidências

Coluna 08 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

Imagem
                                                                           Coluna 08           Era apenas um pedaço de chocolate. Estavam mudos naquela manhã, outrora,  era tempo de afagos e risadas.  Um desencontro de palavras e  atitudes silenciou sorrisos.  Cada um fechado em seus  dissabores, prosseguiam pelas horas.  Ela, em cima da  escada, pintando detalhes na sala de estar, na ânsia de  alterar  as cores desbotadas pelo tempo. Sentia falta da  voz grave que contava-lhe piadas sem graça, olhava  fixamente para os seus próprios movimentos entre a  tinta e o pincel, não ousava desviar o olhar e procurar  por ele. Faltava-lhe coragem para fugir, tinha medo de  falar.  Ele a observava de relance, enquanto pintava a  porta da entrada. Horas entre idas e vindas, sem  aproximarem olhares. Ele ainda na ressaca, lutava com  sua própria consciência. Nitidamente demonstrava  uma inquietação e talvez, desejo de regressar à noite  anterior.   A tarde pálida e a mudez no tempo,  sufocavam o a

Coluna 07 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

Imagem
                                                                                                                                                          coluna 07 (...) Mas é preciso ter força,  é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca,  Maria, Maria Mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha,  é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca possui A estranha mania de ter fé na vida Milton Nascimento Estou há quase um ano sem sair de casa, apenas uma vez por semana para supermercados, correios ou eventualmente um dentista. Quando o tempo permite, uma caminhada pelo parque perto de casa. Nada mais.  Os sentimentos e percepções em relação a isso, variam igual a uma montanha russa. Acho que já experimentei todos os tipos de inquietações e calmarias. Já estive doente, já me recuperei, já emagreci, já engordei. Já fiquei deprimida, já fiquei ansiosa. Umas vezes serena, noutras nem tanto. Descobri vertentes inexploradas das m

Coluna 06 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

Imagem
                                                                    coluna 06 Mengão do meu coração! Vou confessar que desde que vim para Portugal, em 2017, os jogos do Flamengo não faziam mais parte da minha rotina, andava mesmo desiludida com o meu clube, desde a época da má administração da Patrícia Amorim e já que tinha deixado a família, os amigos, a minha praia, e tantas outras coisas que faziam parte de mim, para trás, o meu time do coração, também ficou fora da mala, deixei ali, junto com todas as outras coisas, em um relicário de lembranças. Até que... Em junho de 2019, alguma coisa mudou dentro de mim. Aquele senhor, ex-técnico do Sporting, time luso que adotei como meu para sentir-me parte integrante de uma nova vida, me causou extrema simpatia e no qual me sensibilizei por toda a agressão sofrida em Alcolchete, assunto diário nos noticiários em maio de 2018, deixou a sua terra natal e foi recuperar-se em um clube saudita, o Al-Hilal, me causava um misto de admiração e curio

Coluna 05 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

Imagem
| coluna 05 | UNIVERSO VIRTUAL E REAL DA POESIA SER POETA Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! Florbela Espanca, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.  Nasceu a 08 Dezembro 1894 (Vila Viçosa) / Morreu em 08 Dezembro 1930 (Matosinhos) Nesse universo virtual e real da escrita onde todos são poetas fico pensando com os meus botões, a banalização da palavra e do que é realmente ser poeta. Não, eu não sou poeta e tenho um olhar muito crítico sobre tudo isso. Claro que é a minha opini

Coluna 04 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

Imagem
                                                        Coluna 04 Cinquenta dias em casa... por Adriana Mayrinck Aprendi a conviver com as distâncias - desde sempre. Nasci em Recife, metade da família pernambucana, a outra metade, apesar de carioca, dividida entre São Paulo (avô paulista), Rio de Janeiro e Minas Gerais. Depois, aos 3 anos fui morar em Copacabana. Para resumir, foram muitas idas e vindas, entre Recife (no total, 8 anos), Rio de Janeiro e Teresópolis (38 anos), nos intervalos muitas viagens, 3 meses em Bruxelas, até aterrar há quase 4 anos, em Lisboa. Passei a vida assim, convivendo com abraços e sorrisos de chegada, novos amigos, novos lugares, abraços e lágrimas de despedida. E lembranças. E saudades. Sempre vivi e acreditei que a vida é para ser sentida... Aproveitar cada momento com quem está ao nosso lado, reter o que agrada, fixar cheiros, sabores, sorrisos, olhares, abraços, melodias, paisagens - na memória. Necessito do toque, do convívio. Gosto de olhar nos olh

Coluna 03 - In-Confidências - por Adriana Mayrinck

Imagem
Coluna 03 "A vida é a arte do encontro" por Adriana Mayrinck A vida é a arte do encontro, como imortalizou o nosso Poetinha, mas hoje não vou falar de poesia, e nem do Vinicius de Moraes, mas sim, de parceria! Como muitos sabem, desde 2009 aventuro-me com projetos de revistas, começou com a Horizonte, mas coloquei na gaveta, após muitas andanças e esperas nas portas da Empetur e da Astur/PE, em Recife e em diversas secretarias de turismo dos nove estados do Nordeste. Depois em 2015 tentei unir forças com uma escritora de Niterói que também não aconteceu... Acho que essas coisas, têm o seu momento certo e apesar da vida ser a arte do encontro, foram tempos de muitos desencontros. O projeto da Revista Literária foi repaginado em 2017, agora com ares lusos, mas deixei nos arquivos para um melhor momento. Entre muitos livros e eventos, fui adiando... esperando as férias, esperando lançar primeiro o meu livro, esperando completar cinquenta anos, esperando, esperando... até vir

Coluna 02 - In-Confidências - por Adriana Mayrinck

Imagem
                  |  coluna 02 | Boas e Más Intenções - um paralelo entre as duas margens do Atlântico em tempos de pandemia. por Adriana Mayrinck O primeiro momento foi de surpresa, incertezas e sentimentos adversos. Quase um ano se passou, após a invasão de um inimigo invisível, que não escolhe a quem atacar, mas silenciosamente, parou o mundo, deixando a vida em suspenso. E conseguiu atingir a todos, em setores diversos, sem piedade.   Mas não só aumentou o desemprego, lotou hospitais, levou os profissionais de saúde à exaustão e desespero, destruiu famílias e distanciou amigos, cancelou o ritmo natural da vida cotidiana, como também exerceu imensa influência exarcebando a revolta,  a violência, o racismo, o feminicídio, entre tantas outras doenças enraízadas em nossa sociedade moderna.   Nasci no Brasil, construí a minha história e há quase 4 anos, escolhi Portugal, como segunda pátria. Acho que sempre me senti luso-brasileira, e sinto-me em casa, respeitando e amando igualmente os

Coluna 01 - In-Confidências - Apresentação, por Adriana Mayrinck

Imagem
| coluna 01 | Estreando minha coluna na Revista! por Adriana Mayrinck As árvores balançam suavemente nesse final de tarde, através da janela acompanho a vida que passa pelas ruas desertas, em mais um estado de emergência e confinamento em Portugal. Mas com outro olhar, outra percepção do que aconteceu em março de 2020. Atravessei todas as situações e emoções, sentidas e vividas através da janela, do ecrã, dos livros, filmes ou lives, nesse tempo. Em março vai fazer um ano, em qua as únicas pessoas que tenho contato físico são os que moram comigo (família), ou desconhecidos em supermercados, fármácia, médicos, dentista ou correios. Quase um ano sem encontrar amigos, parceiros, autores, leitores. No início, ainda almocei com dois amigos e tomei um café com outro. No mais, aprendi a conviver entre o distânciamento físico, mas tão perto virtualmente ou por telefone e a vontade de desconectar e dar um tempo das redes sociais. Aprendi a superar antigos paradigmas, despertar os meus sentidos,