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Este pássaro louco está descontrolado | Poema de Marcella Wolkers, desenhos e arte gráfica de Catarina Mota

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  Este pássaro louco está descontrolado Poema de Marcella Wolkers Desenho e arte gráfica de Catarina Mota (cat.the.doer) Marcella Wolkers é goiana encaracoizada, reside em Portugal há 21 anos. Tem 4 obras lançadas assinadas como Marcella Reis. Participação e coordenação em várias antologias, membro da Academia de Letras e Artes de Fortaleza, conquistou alguns prêmios literários, formada em Ofícios do Espetáculo pela Chapitô e é também Técnica em Acção Educativa. Catarina Mota é atriz e clown, fez a sua formação profissional no Curso Profissional de Cenografia, Figurinos e Adereços da Escola Profissional de Artes e Oficios do espetáculo (Chapitô). Colabora com diversas companhias de teatro enquanto actriz e criadora. @cat.the.doer http://sejadonodoseunariz.wixsite.com/website

Um conto poético - por Aidil Araujo Lima

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Desenho por W Patrick Caminho do viver Aidil Araujo Tão jovem ainda e perdeu as pegadas do caminho. Desiludido destino, abusado de esperar andança, deixa o corpo entregue à sina, esquecido da conta dos dias, desvalido, num faz de conta de viver. A velha mãe inventava força, preparava alimento que deitava no banquinho junto à cama. Um dia a encontra com pálpebras levantadas, pede que troque de lugar com ela, uma vez que já tinha provado os gostos da vida, casou, ficou viúva, teve filha e ela, tão nova, ali encalcada na cama, desacostumando o viver.  Ela fecha os olhos, disfarce adormecido, não carecia de vontade trocar palavra com a mãe. Pedia ajuda em silêncio, de alguém desse mundo ou do outro, alento para encontrar o caminho de existir. Passou o tempo, até que numa noite, ouviu de relance voz não conhecida lhe chamando pelo nome, num espanto abriu os olhos, uma mulher negra reluzente estava a sua frente, parecia ser anjo, levantou-se, vestiu casaco, saiu com cuidad

Um Conto inédito de Cínthia Kriemler

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Desenho por W. Patrick Exaustão Manuela cobre com os dedos o filete de luz que desenha um traço fino na colcha branca. A claridade que escapa pela fresta da persiana semicerrada é um brinquedo inesperado que distrai a insônia. Pensa em se levantar e abrir a janela para que a luz banhe toda a cama, mas desiste. O filete é o bastante. Estica e encolhe os dedos na faixa branco-azulada, e a brincadeira a relaxa. Por trás das persianas, há uma lua que não se importa com as suas formas deformadas. A manhã vai clarear logo. E a casa será de novo uma rotina entediante. Não fosse o cansaço pelas noites maldormidas, ela não se importaria com as obrigações diárias. Obrigações. Nos dois últimos anos, tudo o que ela faz são exercícios estúpidos para não deixar que a perna e o pé se atrofiem de vez. Desde o acidente, não caminha mais sem a ajuda de muletas. A perna que ficou presa entre as ferragens do carro é mais curta e encurvada. O quadril está permanentemente deslocado. Quando

Poemas - por Diana Pilatti

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Fotografia por Mdorea versos para esquecer das cinzas do dia teu nome me insiste ecoa cálido síbilo entre os dentes da noite te exorcizo nestes versos Órion, visgo de estrelas da minha boca, da minha pele, teu nome madrugada com a mesma força eflúvio e sede e devoção           estro e poesia           que decomponho e para meu alento [e sepultura] - parto poeira de Lua e Tempo no viés da palavra [desfaço nós] sem pronúncia: sou outra "na curva extrema do caminho" despedida [e em teus adros meu nome totem profano] Fotografia por Mdorea selvática cresce ao meu redor floresta selvagem faminta vigas concreto marquises no olho da noite aquela que tem fome                              de vida                              grita Imagem da internet sem indicação de autoria portais daquele tempo restam somente vultos na janela... n|um canto doutro mundo a

RITUAIS - Um conto de Sílvia Palaia

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Rituais por Silvia Palaia Apagamos a luz, só o abajur permanece aceso, desenhando o teto junto com os risquinhos da veneziana. Respiro aliviada. Estou feliz. Blues tocando baixinho, seus braços em volta da minha cintura, nossas pernas tão enroladas, que se confundem. Sua respiração leve e às vezes um sussurro no meu ouvido: “– Já disse que te amo?” “– Nunca”. E começávamos tudo de novo, e de novo, e de novo. Na madrugada quando um sonho me acordava, lá estava você. Roubava um beijo, falava ao seu ouvido o quanto o queria. Você sorria e levava suas mãos aos meus seios. Eu gostava. No domingo saíamos de mãos dadas pelo mundo. O mundo era ali mesmo, virando à esquerda. Preparávamos o banquete, servido com mel, néctares, hortelã, e uma rosa à mesa. Só nós dois. Nus. Nós dois, nossos corpos, nossa alegria e os mais requintados beijos. Não fazíamos planos, nem embalávamos sonhos ou conquistas. Apenas ficávamos ali. Nós dois, recriando nossa história. Da última vez sussurrei no seu o