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Mostrando postagens com o rótulo prosa

Coluna 05 | Fala aí... Carlota Marques Canha (Portugal)

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| coluna 05 | A saudade de já não ter ou poder é bem maior por Carlota Marques Canha                                            (autora convidada)  Tanto se fala de “ sau.da.de” como aquele sentimento de nostalgia que corrói, que dilacera sem nos apercebermo-nos como e quando surge, mas está lá bem presente dentro de cada um de nós. Dói bem mais do que uma ferida aberta que nunca cicatriza ou um trambolhão num dia qualquer que nos deixa uma lesão, embora efémera, é desconfortante, é penetrante, até esgotante e imensurável quando se pensa que vai passar como tantas coisas, mas não passa, agudiza-se a cada hora, a cada dia. Só de pensarmos ou idealizarmos algo pelo qual norteamos a nossa atenção e pensamento e que não conseguimos atingir pelas barreiras que defrontamos, pelas vicissitudes da vida que temos de suportar e viver com, é uma sensação tão agreste de saudade, pelo motivo de já não ter ou de poder que o tempo e nós mesmos já não vamos conseguir recuperar. Ter saudade do tempo,

Coluna 04 | Fala aí... Terezinha Malaquias (Alemanha)

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                                                  | coluna 04 | Banzo por Terezinha Malaquias                                                       (autora convidada) Acordei-me hoje bem mais cedo do que eu gostaria. Perdi o sono em algum lugar e não consegui encontrá-lo no sofá da sala, onde sentei-me para rezar e meditar. Esse é o meu ritual diário há muitos anos, mas principalmente na pandemia.   Depois fiz abdominais, e dancei um pouco sem música. Queria mesmo era acordar o meu corpo para o novo dia que amanheceu para mim. Fui para a cozinha e fiz bolachinhas de polvilho inspirada na receita que  minha avó materna  fazia e ensinou para a minha mãe.   Mamãe não me ensinou porque eu não quis aprender a fazê-las. Nunca me interessei antes porque prefiro comer salgados do que doces.   Mas nesse ano atípico, eu fiz pela segunda vez essa receita que passa pelo ao menos por  três gerações de mulheres da minha família materna. Coloquei-as no forno para assá-las e rapidamente o perfume  bom

Preta em Traje Branco | Carta para as Paulas, Jamals, Enzos, Lohaines, Samuels de Joyce Dias

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  Coluna 9 Carta para as Paulas, Jamals, Enzos, Lohaines, Samuels, que encontro todos os dias no exercício da função e na vida. Tem os boletos, os Crushes, a faxina, a vontade de dormir mais . Mas, sabe o que mais tem, Paula, Jamal, Enzo, Lohaine, Samuel?  Tem os amores que dão certo, aqueles que fazem a gente sentir borboletas no estômago, que mesmo longe, trazem felicidade. Pode não durar para sempre, mas sempre haverá outro amor. Tem felicidade do boleto pago, aquela sensação de sonho realizado, de poder ter coisas que conquistou junto com alguém ou sozinho. Tem a sensação maravilhosa da louça lavada e da casa limpa, talvez, coisa de virginiano, restem a liberdade... Ahhh, a liberdade de ir e vir, de ser quem você quiser ser e o que você quiser. Tem seus amigos, você.  Vai fazer algumas amizades que passarão e tá tudo bem, mas terá aquelas que irão durar para sempre, mesmo longe. Tem sua família, que pode aumentar, ou não, você pode ter/adotar filhos, ou ser tia/o de alguém super le

Coluna 03 | Fala aí... Maria Antonieta Oliveira (Portugal)

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                                                | coluna 03 | Recordar é viver  por Maria Antonieta Oliveira                                           (autora convidada) Não é fácil vivermos estes tempos de confinamento, em que um inimigo invisível, pode surgir e atacar-nos a qualquer momento. Temos que nos reinventar, mudando hábitos, criando espaços e viver de outro modo. Ler, escrever, ouvir música, fazer meditação, yoga, sei lá que mais, algo que ajude a passar o tempo, nestes tempos em que o tempo parece ser muito mais longo do que era antes. Ter pensamentos positivos, recordar momentos felizes, falar com pessoas que amamos, mesmo que seja através da internet, que felizmente, tem sido um meio de interação entre famílias e amigos, muito valioso, tudo isto nos aliviará o desespero da “prisão” a que este vírus nos impôs. Ao falar em recordar momentos felizes, lembrei-me de um excerto de um livro, que está em standby, mas que um dia sairá à luz do dia, e que passo a transcrever: - LEM

Coluna 02 | Fala aí... Isabel Bastos Nunes (Portugal)

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| coluna 02 | A vida on-line por Isabel Bastos Nunes                                                      (autora convidada)   Descobri penosamente que a minha vida dependia muito do contacto pessoal,  dos abraços e beijos, dos risos e gracejos de todos quanto me rodeavam. Os convívios informais, as tertúlias, as apresentações e lançamentos de livros que faziam o meu dia-a-dia eram-me absolutamente necessários, mas só tive a noção disso quando me dei conta que as palavras de ordem eram: - isolamento, confinamento, distâncimento. Ao longo destes meses, o meu contacto e a minha prestação como poeta tem-se remetido on-line (apenas conversando com o meu computador). Foi preciso chegar aqui, para perceber o quanto me faz falta um simples abraço! Quando dei conta da realidade, dei-me a ler os postes dos meus amigos em longos desabafos, em partilhas de poemas, músicas, e agradecimentos aos comentários por baixo escritos, coisa que normalmente me passava ao lado. Egoisticamente pensava

Coluna 01 | Fala aí... - Apresentação, por Adriana Mayrinck

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| coluna 01 | Apresentação da nova coluna Fala Aí A coluna Fala aí... (nome da autora) foi criada para você, que apoia as iniciativas da In-Finita e/ou do Mulherio das Letras Portugal , para expor as suas opiniões sobre qualquer tema, sob a ótica do universo feminino. A intenção é fortalecer a literatura contemporânea, divulgar a escrita e ações das autoras lusófonas ou que escrevem em língua portuguesa. Conhecer um pouco mais sobre o que pensa, em prosa, crônica, conto, opinião. Pode também falar sobre seus projetos, eventos ou livros. Peço que evite poesia, pois temos o grupo Mulherio das Letras Portugal, Mulherio das Letras União Europa ou Mulherio das Letras na Lua e também, as coletâneas e colecções organizadas pela In-Finita ou parceiras para essa finalidade. Divulgue-se! Seja Bem-Vinda!   Um abraço Adriana Mayrinck   Para participar: Requisito: Fazer parte do Mulherio das Letras Portugal ou participar de uma das iniciativas da In-Finita (livros individuais, assessor

Preta em Traje Branco | Ando Armada por Luciene Amor

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Coluna 8 fonte: pixabay.com Ando armada   Ando armada de informação, para que não prendam e manipulem meus pensamentos. A selva de pedra é uma guerra, é rude, um terrorismo patrocinado. Somos descartáveis para o estado. Quem se importa se crianças nas ruas passam frio? Ou se estão fazendo curso preparatório para carregar um fuzil? Quem se importa com a detenta que dá à luz algemada, com o depósito do sistema carcerário. Um rastro de pânico do racismo brasileiro! Cidinha da Silva ressalta bem, parem de nos matar! O que esperam? Que continuemos com mordaças? Ou vendas nos olhos? Que continuemos a nos curvar até o chão sem direito a interrogação? Já foi dito que preto não é intelectual, julgado inferior, carregado por um arsenal de complexos provenientes do colonizador. “A carne mais barata do mercado é a carne negra!” tá ligado? Não é fácil, né. Se liga aí. Mulher e poder caminham juntos, só cego não vê. Tentam destruir nossos valores. Mulheres de resistências tocam tam

Coluna 01 - In-Confidências - Apresentação, por Adriana Mayrinck

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| coluna 01 | Estreando minha coluna na Revista! por Adriana Mayrinck As árvores balançam suavemente nesse final de tarde, através da janela acompanho a vida que passa pelas ruas desertas, em mais um estado de emergência e confinamento em Portugal. Mas com outro olhar, outra percepção do que aconteceu em março de 2020. Atravessei todas as situações e emoções, sentidas e vividas através da janela, do ecrã, dos livros, filmes ou lives, nesse tempo. Em março vai fazer um ano, em qua as únicas pessoas que tenho contato físico são os que moram comigo (família), ou desconhecidos em supermercados, fármácia, médicos, dentista ou correios. Quase um ano sem encontrar amigos, parceiros, autores, leitores. No início, ainda almocei com dois amigos e tomei um café com outro. No mais, aprendi a conviver entre o distânciamento físico, mas tão perto virtualmente ou por telefone e a vontade de desconectar e dar um tempo das redes sociais. Aprendi a superar antigos paradigmas, despertar os meus sentidos,

Preta em Traje Branco | Quinteto de Versos de Valéria Rufino

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Coluna 7 Quinteto de Versos de Valéria Rufino Poesia Não se explica Mas implica   Olhos sem pálpebras Vou fechar os meus olhos e me perder no vazio. Dentro da escuridão imensa, Onde eu não veja o sofrimento, nem tão pouco me sinta inútil. Nesse vazio na alegria mortal Na vida sinto a morte como um pulsar de dor intensa, Ah! Essas células que me foram impostas, Vida que eu não te quis, Vida pela qual nada fiz.   O sol brilha iluminando a podridão, o vento sopra a poeira do chão em olhos sem pálpebras, de um ser quase inato, Que sofre sem ter Que morre sem ver.   Eu durmo em minhas críticas, e acordo navegando em súplicas. Não quero mais abrir os meus olhos, quero dormir eternamente, pensando na morte é que me sinto gente.   Cotilédone Nascer é sentir o prazer esgotante da primeira respiração. É esticar as pernas pra fora do corpo de uma mulher, Como a primeira folha que surge do sêmen. Mostrando sua cor verde na terra v