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Uma crônica de Guiniver | "Essenciais e Perfumados"

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  Fonte: pixabay.com Uma crônica de Guiniver Essenciais e Perfumados Sim, Eu faço terapia! Eu sempre achei que era uma grande besteira, que eu poderia me curar de tanta confusão sozinha e confesso que ainda hoje mesmo fazendo terapia, atribuo minhas mudanças ou aparente melhora a outras condições que não apenas o tratamento psicológico. Também pudera, eu tão auto suficiente e orgulhosa. Dia desses na terapia com a profissional de 1001 utilidades: psicoterapeuta junguiana, massoterapeuta, aromaterapeuta, acupunturista. E já fui submetida a todas essas técnicas e estou certa que meu caso é  mesmo grave. Pela primeira vez depois de quase um ano e meio, me permiti chorar no consultório. Foi durante a sessão de terapia olfativa, enquanto eu inalava vários tipos de óleos essenciais e ela me perguntava:  _ Sente-se bem ou mal? _ O cheiro é bom ou ruim? _ Te lembra alguém ou alguma situação específica? Enfim, eu chorei muito. Primeiro eu resisti. Depois algumas essências me levaram de volta pr

Cinco poemas de Eva Potiguar | Uma poética de raízes imersas

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  Cinco poemas de Eva Potiguar Uma poética de raízes imersas ODE AOS LIVROS   Livros são pássaros banidos... Aventureiros revirando sentidos, Quebrando vidraças de opressão, De conceitos de tradição. Eles rasgam cortinas de egos, Abrem baús como martelos, Como deliquentes rivais, De paradigmas banais.   Oh livros renegados... Reis abandonados... Como águias famintas, Consumam em tintas, Versos e prosas, Espinhos e rosas.   Oh aves mensageiras, Saiam das belas estantes! Dominem as fronteiras, De nossos horizontes!   Livros, livrai-nos! E livres, Livremos!!     MUNDO BOLHA   Ah se a poesia se tornasse realidade As palavras pregos de manutenção Os versos cordas de arremate   Para enlaçar e arrastar teu coração E prender a tua atenção O mundo poderia então Ser uma bolha de sabão Colorida e flutuante Lúdica e instigante   Poética e radiante Feita de sorrisos De mãos e amigos De poesias e livros Fonte: pixaba

Era uma vez 9 I A representatividade na literatura infantil da baiana Cassia Valle

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  Cassia Valle é baiana, atriz, museóloga, historiadora e escritora. Ficou bastante conhecida em sua participação no filme Ó Paí ó, interpretando a personagem Mãe Raimunda. Segundo a escritora, sua missão é representar e atuar na orientação e implantação de procedimentos artísticos, educativos e culturais ligados à preservação do patrimônio cultural afro -brasileiro. Durante um projeto chamado “Patrimônio Cidadão”, em parceria com Luciana Palmeira, no qual visitavam comunidades para saber o que seria patrimônio para as crianças, com o objetivo de falar sobre museu e patrimônio, e tirar a ideia que museu é coisa velha e enferrujada, foi que Cassia e Luciana se aproximaram da temática. Assim nasceu o livro “ Calu – Uma menina cheia de histórias ”, para que as crianças daquele local se sentissem representadas em uma obra que a personagem principal é preta e a capa é preta.  O livro traz uma poesia de uma criança que se reconhece na poesia e na arte como um todo. Calu, uma menina cheia

Cuide-se ! | Marilia Kubota

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MOSAICO Coluna 19    –   Crônica Cuide-se! por Marília Kubota Cuide-se! É assim que nos despedimos, durante este tempo de isolamento social. A recomendação é para continuar com o isolamento. Quando necessário sair de casa, usar máscara e álcool gel e praticar o distanciamento.  Eu penso que é preciso uma aprendizagem sobre o que significa cuidar-se.  É comum querer cuidar de outros e esquecer-se de cuidar de si. Alimentar-se corretamente, fazer exercícios, cortar o cabelo, pintar as unhas e hidratar a pele é cuidar-se  ? Sem dúvida.  Mas há outros cuidados, que pouco observamos, no afã de nos relacionarmos com o próximo. Vivemos numa cultura que prega: "Cuidar é amar!". E assim nos dedicamos a cuidar de marido, namorado, filhos, pais, avós, cachorros, gatos, plantas, casa, amigos. Não pensamos que precisamos, antes de tudo, cuidar de nós.   E quando temos responsabilidade de cuidar, a tendência é extrapolar os limites. O outro precisa tanto! O sono, a alimentação, a leitura d

Para não dizer que não falei dos cravos | Um conto de Miguel Arcangelo Picoli

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Coluna 05   Um conto de Miguel Arcangelo Picoli Annelize Nicole sempre me deu trabalho. Em casa ou em qualquer lugar tudo era motivo para verdadeiros escândalos constrangedores, e por conta de seus modos me sentia incapaz e inadequada ao cuidar da única filha. Não sei com qual antepassado se parecia, já que na família toda éramos calmos com tudo. Seu comportamento era terrível, enquanto ainda atribuía essa dificuldade à minha separação e falta de aptidão para criá-la sozinha, precisava de um tempo do qual não dispunha e um psicólogo seria a próxima providência porque todas as tentativas foram em vão e não se tratava mais de uma fase apenas. Necessitava de ajuda. Fomos avisadas sobre a chegada de uma nova professora na escolinha, pois viria substituir Magda, com casamento marcado. Certamente eu era conhecida como a mãe mais constrangida da instituição e esperava por outro espetáculo do furacão Nicole que reclamava se alguma coisa estava igual ou diferente. Ao buscá-la, nesse dia, a vi f

Divina Leitura | O Afrofuturismo em "Sankofia" de Lu Ain-Zaila

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  Coluna 07 O Afrofuturismo em Sankofia de Lu Ain-Zaila - por Divanize Carbonieri Sankofia (2018) de Lu Ain-Zaila é um livro afrofuturista. Em vários momentos, sua autora trabalha na intersecção entre ensaio e ficção. O próprio subtítulo não deixa dúvidas quanto a isso: Breves histórias sobre afrofuturismo . Logo no início, no local em que normalmente se encontram os prefácios, Ain-Zaila apresenta uma certa genealogia do termo, provavelmente desejosa de que suas leitoras não percam de vista o aspecto político da obra, mesmo que as ficções ali sejam altamente envolventes. Segundo ela, o afrofuturismo relaciona-se com a prontidão dos povos negros de se “imaginar e viver futuros onde suas pátrias, descendências, culturas e vidas seriam livres de qualquer tipo de opressão” (AIN-ZAILA, 2018, p. 5). Na literatura e nas artes, isso implica um afastamento da representação das pessoas negras em posições de subalternidade e um modo de retratá-las como agentes plenos de suas vidas, sendo capa