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De Prosa e Arte | Escrevo para nos Perdoar

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Coluna 8 Escrevo para nos Perdoar Sempre falo de ti com nostalgia o que remete a ilusão de que você nem mais existe. Nunca tinha percebido isso, até que contando uma de nossas poucas histórias, alguém me perguntou:  _ Seu pai ainda é vivo? Eu, surpresa com a pergunta respondi:  _ Sim é! Mas convivemos tão pouco ultimamente que meu jeito de falar não é despedida pra quem já partiu, é só saudade. Cara , queria te contar que hoje escrevo e leio com tanta paixão por sua causa, que sempre me ensinou a buscar. Nunca me deu uma resposta pronta. E isso me fez curiosa, observadora e humana.  Porque quando tu chegava “bebaço” ainda assim pegava o livro de contos clássicos, lia pra nós Branca de Neve (era o que tinha pra aquele momento) com um sotaque alcoolizado, tropeçando nas palavras. O que podia parecer uma afronta pra mamãe, pra nós era diversão e nos levava às gargalhadas de soltar xixi nas calças.  E quando faltava energia e estávamos sob a luz de velas nos ensinou a ler as sombras produz

Tua ikebana tem flor de banana | Marilia Kubota

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  MOSAICO Coluna 24    –   Crônica TUA IKEBANA TEM FLOR DE BANANA por Marília Kubota Escrevi, há tempos, um poema que entrelaçava ikebana e flor-de-banana. Na época, não sabia que ikebanas poderiam ser arranjadas com flores de banana. Quem me ensinou isto foi a artista e professora Élia Kitamura. Ouvi o nome  dela como uma famosa mestra em Curitiba durante anos. Eu a entrevistei por telefone uma vez, para que explicasse sobre o estilo de sua escola, a Ohara Ryu. Élia explicou que no Japão há mais de 400 escolas/estilos de ikebana. No Brasil, só conhecemos quatro.  Para a Ohara Ryu, as flores e plantas usadas no arranjo devem ser o mais naturais possível, evitando amarrações de galhos e outros contorcionismos.  Também se deve usar flores e plantas da região em que o aluno vive. A mestra aprendeu sua arte no Japão, com Teiko Itoh. Quando Teika veio ao Brasil  ficou fascinada com a espécie nativa brasileira esponja de ouro. Ciou muitas composições com a flor.  Só fui conhecera Élia pessoa

Uma crônica de Fernanda Colli | "Eu vejo você"

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  Zdeněk Tobiáš. Fonte: pixabay.com Uma crônica de Fernanda Colli Eu vejo você   O isolamento social nos causou muitas incertezas e muito medo; por outro lado nos proporcionou tempo e oportunidades de refletirmos sobre mensagens, pensamentos e até frases que utilizamos para nos expressar. Em um dia qualquer de isolamento social, aproveitei para assistir Avatar, e mais que depressa já me emocionei ao relembrar que o povo Na’vi, povo nativo de Pandora não pronunciavam “eu te amo”, mas sim “eu vejo você”, e o tempo agora me permitiu refletir sobre a verdade tão escancarada dita em uma obra que fez história no cinema. Ver o outro é a essência do que é o amor. Quando enxergamos o outro, nós o reconhecemos como nosso semelhante, vamos além da superfície, deixamos o TER de lado para embarcarmos numa viagem no SER do outro. Quando “vemos o outro”, significa algo mais que enxerga-lo fisicamente; significa ver um olhar amoroso, se conectar mesmo com as diferenças. Quando vemos o outro

UniVerso de mulheres 10 - A crônica urbana e poética de Fernanda Vieira, por Valeska Brinkmann

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UniVerso de Mulheres 10                                                                       A crônica urbana e poética de Fernanda Vieira , por Valeska Brinkmann Nada mais importa   Que me importa o que eles falam? Que me importa o que eles dizem? Deslizo meu corpo na fluidez da minha liberdade de mulher que sabe, sabe que nada mais importa. Cantarolo uma música de que não sei a letra. Eu que nem sei como pavimentei esse caminho pelo qual vou me escorregando. Vou me abrindo na confiança de ser sempre nova amanhã. E meus olhos recebem desejosos seja lá o que tocarem. Escancarei as janelas da minha alma porque perdi o medo de me machucar no escuro. Tão perto de mim que pouca coisa importa. Esbarro nas coisas e derrubo pedaços de mim por aí, descuidada. Hoje eu me abri para o infinito. E me invadiu a consciência de tudo tão violentamente que meus poros transbordam e transpiram. Transformam. E essas palavras todas que eu não vou não sei não quero não preciso dizer vão te encontrar de al

Preta Em Traje Branco | 5 poemas de Valéria Rufino

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Coluna 1 Cinco Poemas  de Valéria Rufino                                Dentro de si distúrbio                                                                                             Fora sigilo                                                                *****************************************                                                                                     Pensabundos                                          Ou se vive                                                  e se vira                                         Ou se morre                                                  e se pira                           Pirajá são pensamentos                                        Pensabundos andam os homens                         Homessa! Andança das bestas, à procura de pastos                                          Andante rei à procura de um trono                                                       Tronantes cegos, à procura de luz.        

X Tertúlia Virtual: Inquietudes Poéticas & As Múltiplas Faces de Afrodite

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  TERTÚLIAS VIRTUAIS |  04 - por Marta Cortez ão   “A humanidade é masculina e o homem define a mulher não em si mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo. [...] A mulher determina-se e diferencia-se em relação ao homem e não este em relação a ela; a fêmea é o inessencial perante o essencial. O homem é o sujeito, o absoluto; ela é o Outro.” (Beauvoir, 1970, p.10)   O livro O segundo sexo , de Simone de Beauvoir, teve sua primeira edição em 1949. O tempo que nos separa deste evento são de exatos setenta e um anos, entretanto, há ainda a urgente necessidade de trazer estes questionamentos para o século XXI: qual é o lugar da mulher na atual sociedade? Como estamos construindo este conceito historicamente e culturalmente? Por que é importante discutir acerca do gênero? Por que dizer-se feminista provoca tantos desafetos? Sempre é tempo de despir-nos das velhas amarras da ignorância e buscar entender o real significado do Feminismo que, em poucas palavras, nada