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Coluna 09| Fala aí... Liège de Melo (Brasil)

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                                                                                                                          Coluna 09 O LIVRO ROTAS POÉTICAS por Liège de Melo (autora convidada) A arte poética é possuidora de enorme força terapêutica na qual adentramos dimensões profundas da nossa alma. Em poemas nos desnudamos e multiplicamos nossas versões de ser e estar entre as rotas do existir. O respirar em letras cura autores e leitores que encontram na literatura janelas abertas a infindáveis cenários. O prazeroso ofício de escrever e organizar um novo livro, começou em 2019. Com o surgimento da pandemia/covid 19 (2020… ) atenuando pressões advindas do confronto com múltiplos desafios existenciais, passei a buscar alento em motivações produzidas pelo olhar dirigido à mágica das palavras. Vozes ritmadas em lugares que o afeto se dispôs a alcançar, foram delineando poemas ditados pelas delicadezas das memórias e rotinas dos dias. Assim após necessária reclusão física e psicológica n

Para não dizer que não falei dos cravos | Três poemas de Henrique Souza

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  Coluna 15 Três poemas de Henrique Souza Noite   Na noite há ânsia São Jorge contra dragão O sangue e o eterno A infinita batalha Sobre a Terra Os esquecidos, os varridos O lar dos mortos Sussurros e palavras Indesejáveis O repouso, o colo O local onde nasci. Imagem de Gerd Altmann por Pixabay.   Desculpe-me   Desculpe-me por não ter olhado Embaixo dos galhos verdejantes Lá estava o símbolo do Alfa O meu maior presente   Desculpe-me pelas estrelas borradas Dos caminhos desconhecidos Estava só como um esqueleto A beira de um grande espelho   Desculpe-me por não ter visto os sábias Atormentados pela fome Doentes e esqueléticos Eles só precisavam de um afago   Desculpe-me não ter prestado atenção No homem de Barba-Azul Com o rosto distorcido de dor Com a voz vermelha de lamúria   Agora o caos reina em nossas vidas Como ondas de mar, como o vento Que implora pela purificação e pelo renascimento Para talvez um dia

Coluna 05 - In-Confidências por Adriana Mayrinck

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| coluna 05 | UNIVERSO VIRTUAL E REAL DA POESIA SER POETA Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente! Florbela Espanca, batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa.  Nasceu a 08 Dezembro 1894 (Vila Viçosa) / Morreu em 08 Dezembro 1930 (Matosinhos) Nesse universo virtual e real da escrita onde todos são poetas fico pensando com os meus botões, a banalização da palavra e do que é realmente ser poeta. Não, eu não sou poeta e tenho um olhar muito crítico sobre tudo isso. Claro que é a minha opini

Façanha Feminina | Sarau na Favela

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| Coluna 03 | Conhecendo o Sarau da Favela por Jeovânia P. Hoje vamos conhecer o projeto “ Sarau na Favela ”, idealizado e organizado por Valéria Barbosa. Primeiro, vamos conhecer um pouco Valéria, ela nasceu na favela da Praia do Pinto, um Quilombo na zona sul do Rio de Janeiro, é mãe, escritora, compositora e canta no coral de Vila Isabel, além disso, se autodenomina uma poeta Marginal. Ela tem quatro livros publicados: “Guerreira”, “Os Grandes Mestres Guardiões da Cidade de Deus_ fazedores de Destino”, “Coração Preso — Na cômoda da Incomodada vida” e “200 Gritos por Liberdade”. Está na feitura de uma quinta obra. Participou de várias antologias. E tem lançou três CD’s: “África no Sangue com 18 cantigas”, “Caminhos Abertos, Axé” e “Oceano em Mim”. Portanto, versátil enquanto segui na luta da vida. O “ Sarau na Favela ” traz consigo tanto a vivência de uma mulher que nasceu e cresceu na favela, quanto reflete a criação dos novos meios para se produzir arte nos tempos de pandemia

MulherArte Resenhas 06 | O OBSERVATÓRIO POÉTICO de Lucinda Persona

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O OBSERVATÓRIO POÉTICO de Lucinda Persona - Por Eduardo Mahon De repente, me lembrei de Lucinda. Onde estará ela? Certamente refugiada em seu apartamento. Com ou sem pandemia, o apartamento de Lucinda é uma especie de observatório. Não propriamente observatório astronômico, mas poético. No mais recente livro O passo do instante , a escritora faz da noite o seu principal tema. A maioria dos poemas traz a imagem decadente do dia, a promessa da tarde e a fertilidade da noite, matéria prima para a poesia. Do alto de seu observatório, a poeta não se desloca. Ela observa a cidade com distanciamento e passividade. Faz anotações quase científicas e forja uma espécie de diário do perímetro. Índices pluviométricos, períodos de seca e de umidade, regime de ventos, tudo isso se projetando para a criação poética. Onde está a noite? O que é a noite? Parece-me que o dia (o verão?) está identificado com o trabalho, enquanto a tarde (ou o outono?) nos dão a pista que os períodos do dia são, na verdade,

Preta em Traje Branco | Dois Versos Vibrantes de Oyá

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Coluna 12 pixabay.com Dois Versos Vibrantes de Oyá ENCONTRO   Senta, relaxa… Um beijo pra começar Uma palavra, Um olhar.   Abraço que acolhe, Troca de energia boa, fortalece Um beijo, Um cheiro, Um gole de você Momento de bem viver   Preto e preta se querendo Se doando, se entendendo Um sussurro ao pé do ouvido Preta… Preto... Esse lance está ficando gostoso Um abraço Um cheiro Uma palavra Um beijo Deixa eu te mostrar como é gostoso No nosso ritmo, do nosso jeito.   Batida perfeita, sem pressa, sem correria, mas na mesma sintonia. Eu te fortaleço, você me fortalece  inspiração em comum também aquece. Dois corpos se unindo sem medo, sem regras: o jogo é nosso, fazendo a mais pura troca de energia.   Um beijo, Um cheiro, Um abraço Um gole de você Um sussurro ao pé do ouvido… Preta… Preto… Só vem que vai ser lindo...   **********************   PLENITUDE A plenitude é encontrada em um gozo contínuo. Q

De Prosa & Arte | Atrás da Porta

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Coluna 18 Foto acervo e arte @guigapreta by picsa Atrás da Porta Quanto aprendo sobre mim estando atrelada a um punhado e tanto de recordações que outrora foram realidade viva e latente. Sinto um frenesi, um alvoroço. Um estranho medo de me ver assim, desprotegida de mim mesma. Ando enamorada de um eu que já se perdeu, remexendo partes assustadoras do meu íntimo.   Quanto aprendo sobre mim mesma ao refrear impulsos insanos, manter distâncias seguras e o silêncio. Silenciar é fechar a porta, aquela onde escondemos tudo. Tudo que amedronta pensar. Aquela nossa estranha porção, que não desejamos que percebam. É, tem de tudo no quartinho de bagunças.   Quanto aprendo sobre mim mesma quando percebo que minhas palavras contundentes influenciam aqueles perdidos, e me fazem cúmplice de todos os crimes cometidos por eles.   Silenciei. Mas meu silêncio é ruidoso aqui dentro do peito. Doloroso e patológico, permeado das coisas que não pude desvendar, que não soube descrever, de verdades que preci

Comentário afetivo (resenha) sobre o romance O CORAÇÃO PENSA CONSTANTEMENTE, de Rosângela Vieira Rocha

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(capa do livro O CORAÇÃO PENSA CONSTANTEMENTE ) POR QUE CONSTANTEMENTE O CORAÇÃO PENSA E SENTE O AMOR por Nic Cardeal  “Esta nossa existência é transitória como as nuvens do outono. Ver o nascimento e a morte dos seres é como olhar os movimentos de uma dança. Uma vida é como o clarão de um relâmpago no céu,  rápida como uma torrente que se precipita montanha abaixo”.  (Buda) Desde que ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA iniciou a divulgação do lançamento de seu novo livro, O CORAÇÃO PENSA CONSTANTEMENTE (Cajazeiras: Arribaçã, 2020), fiquei curiosíssima sobre sua narrativa. Por duas razões principais: a primeira, porque eu já tinha uma breve noção de que o tema seria importantíssimo, principalmente nesses tempos em que os laços afetivos, ainda que de modo virtual em sua maioria, são alento fundamental para resistirmos ao isolamento e às tristezas cotidianas da pandemia que assola o mundo. A segunda, porque o título de um livro invariavelmente me atrai como um ímã – e com esse não foi diferent