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Mostrando postagens com o rótulo De Prosa e Arte

De Prosa & Arte | Quando se quer sair, mas é necessário ficar

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Coluna 23 Fonte: pixabay.com foto by RichardMc Quando se quer sair, mas é necessário ficar Abro os olhos, sinto o primeiro respiro lúcido do dia, agradeço às deusas. Todos os dias após acordar penso em sair. Sair dessa inércia em que o país se prostrou diante da catástrofe anunciada do  "eu avisei" de todas as hashtags: #foraesse #foraaquele #nãopassarão.  A real é que eles passaram, ficaram e como cantava Elis: "Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos jovens" . Esse final eu parafraseava com "o sinal está fechado pra nós que somos pobres, usamos transporte público precário, que temos o direito à saúde, habitação, estudo e comida negados por políticas que só favorecem os donos do capital. Vivemos a necropolítica, o genocídio escancarado engendrado por desumanos governantes.  Quando eu acordo eu quero sair. Sair desse looping de obscurantismo, negacionismo e alienação que assola a mente, adoece o físico e  o emocional. Nesse país, os dias seguem f

De Prosa & Arte | Ressaca de Carnaval e Pandemia - Reflexão sobre um ano que não acabou

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  Coluna 22 Fonte:blogdojuca.uol.com.br/2019/03/jesus-e-o-diabo-na-terra-do-carnaval/  Arte By Guiga Preta in picsa Ressaca de Carnaval e Pandemia - Reflexão sobre um ano que não acabou Ano passado veiculou-se a galope a imagem acima e alguns religiosos associaram essa intervenção artística à expansão do Coronavírus em âmbito Mundial. Eu fiquei de cara com isso. E esse texto tava escrito desde lá. Ainda vi umas manifestações no ano corrente. E este texto passou a me cutucar. Hoje vou me arvorar a dividi-lo. Como Arte Educadora preciso explicar que CARNAVAL é um traço cultural do povo brasileiro e como tal, é produzido pelo e para o povo. Toda interpretação que se dá aos enredos, alegorias e fantasias, tem sim um posicionamento ideológico que passa pelo social, faz críticas a muitos nichos da sociedade, inclusive críticas religiosas. Porque o Brasil é machista, misógino, homofóbico, intolerante com religiões de matrizes africanas. A Arte como um todo está aí pra fazer denúncia e não só

De Prosa & Arte | Verso-Prosa-Prece de Guiniver e Lucas Almeida

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Coluna 21 Fonte acervo Verso-Prosa-Prece de Guiniver e Lucas Almeida  *Meu santuário de vozes / Meus Orixás como aporte / Livros, segredos, patuás / Dandara, Zumbi, trincheiras da morte. É no vácuo profundo da existência que reside a força motriz de nutrir dias cinzentos. É da benção dos ancestrais forjada no suor do rosto que se cria ferramentas de luta. E do pó da terra, da unção do fogo, do movimento do ar e da fluidez da água que se alquimiza a criação de si. O quanto de nós está expresso no que o outro é capaz de enxergar?  O quanto do outro em contrapartida somos capazes de acolher e agregar?  *Meu santuário de vozes /  Cachoeiras, lavadeiras, /  Oxum como dama de ouro e sorte /  Lélia González e a interseccionalidade /  Espada de Oyá cortando os ventos da morte. A poesia é sempre um encontro, é sopro no universo sensível. Poetas lhes dão forma, sentido, ajeitam numa roupagem aprazível aos olhos, já que a escrita é desenho e porque sabem que cada verso é sagrado. Toda prosa é um

De Prosa & Arte | Escritos, Descritos e Prescritos

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Coluna 20 Fonte acervo Escritos, Descritos e Prescritos Escrevo desde adolescente, porque eu fui criada num ambiente onde tinha muitos leitores e os livros eram acessíveis a qualquer tempo, então já era um hábito ler e escrever. Mas na adolescência esse processo se intensificou bastante por conta de questões da própria percepção do racismo, da minha entrada no magistério e de todas as reflexões acerca da educação, da própria vida, de todas as negativas que na adolescência eclodem por conta da questão racial e de classe, da autoestima, do cabelo, dos relacionamentos, então todas essas questões eram abordadas e apareciam recorrentes nos meus textos. Os contentamentos e descontentamentos. E desde então não parei mais de produzir. Escrevo desde sempre e normalmente escrevo poemas / poesias, mas não só. Hoje tenho uma escrita em desenvolvimento no gênero crônicas. Com uma tendência meio dadaísta assim de ressignificar algumas coisas, tirar as coisas do contexto, às vezes um texto surge a pa

De Prosa & Arte | Vanusas, Bethânias, Marias e Calcanhotos pra alçar voos.

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  Coluna 19 Fonte: pixabay.com Vanusas, Bethânias, Marias, Paulas e Calcanhotos pra alçar voos. Traçando uma linha do tempo, entre um acontecimento e outro, elas criam um marco do que foram até ali e como seguirão adiante. Trafegando dois opostos: a inconstância e a certeza, aquilo que é delas e o desconhecido. O inócuo e o nocivo, o vazio e a abundância, o sacro e o profano.  Estão em transição, oscilantes entre a expectativa e a realidade e às vezes os dois se confundem. Vão assim contrariando as estatísticas,  transgredindo as regras,  agindo fora do padrão,  porque a inércia as entedia e a rotina as enjoa.  Elas se lembram do chiado da vitrola: "Hoje vou mudar / Vasculhar minhas gavetas / jogar fora sentimentos e ressentimentos tolos / fazer limpeza no armário / retirar traças e teias / e angústias da minha mente / parar de sofrer por coisas tão pequeninas / deixar de ser menina / pra ser mulher”. (¹) Quantas coisas foram abandonando no caminhar incansável da vida. Quanto de