Para não dizer que não falei dos cravos | Três poemas de José Danilo Rangel
Coluna 12 Três poemas de José Danilo Rangel ISSO DE SER POETA Há um tanto de masoquismo nisso de ser poeta: chupamos o lirismo direto das tetas da dor — Deliciados. Ou serei só eu? Duvido muito. E essa não é nem metade da controvérsia em ser poeta, Confesso e talvez não só por mim. Há pequenas e grandes vilanias; quando não estamos cavucando o coração, por exemplo, estamos espiando o mundo pelas fechaduras cotidianas Sempre em busca de um poema envergonhado. Fofoqueiros e poetas têm isso em comum: os olhos atentos e sempre mais do que deviam. Buscamos luzes, sim, luzes, como mariposas e religiosos E fogo pra aquecer corpo e alma. Mas somos também porcos farejando de longe a alegria da lavagem. As pessoas precisam deixar de buscar grandeza nos poetas, deixar de querê-los como exemplo e guias E sabedores de qualquer coisa, Não sei. O séquito me olha e que