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De Prosa & Arte | Maresia e saudade

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Coluna 24 Foto By @guigapreta  Maresia e saudade "Me visto de maresia e o tempo nem corre, anda calmaria à beira mar. O quente asfalto corta a paisagem molhada: o verde, o cheiro, a brisa, o nde pequenos se distraem com conchas e pedrinhas. O sol anunciando a partida, tímido aquecendo sorrisos numa preguiça cheia de areia e calor. O tempo se veste de sal e ruído de arrebentação. E de tombo em tombo, brota vida beliscando e lambendo nossos pés, esmaecendo com seu cântico na areia. Nostalgia. Aqui no meu Templo silêncio flutuam mil pensamentos, corre denso líquido das grutas dos meus olhos tão salgado quanto o espelho que enfeita a miragem. Nessa hora eu sou quase mar, sem divisão entre o tempo e o destino. Nessa hora eu sou toda mar, sou maré…" Guiga Preta Todas as vezes que me botei na estrada depois de adulta, não pude deixar de conduzir meu olhar para as bonitezas das aventuras e desventuras de minhas migrações temporárias ao litoral. Sempre me lembrava de garantir que na b

Cinco poemas de Marta Valéria Aires F. Rosa | "Respiro lentamente o prazer da criação"

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  Imagem de Herbstrose por Pixabay . Cinco poemas de Marta Valéria Aires F. Rosa  "Respiro lentamente o prazer da criação" SUBMERSÃO   de olhos fechados sinto o calor do sol invadir primeiro os meus olhos depois boca corpo   o vermelho toma conta de mim assim como o silêncio os meus ouvidos pele sangue coração   vejo o azul entre nuvens brancas de paz a água que molifica o meu coração e me faz esquecer o morno líquido transporta-me ao útero materno de braços abertos consigo tocar a leveza do meu ser   respiro lentamente o prazer da criação a vida alternada entre rajadas de vento a paz suavizada pela imensidão do céu na boca o sabor de viver e estar viva no corpo o gozo da submersão. SULFERINO   Adoro o frescor volátil de cortinas de voal ao vento A brisa que embala a dança das folhas dentro do vaso de barro A simplicidade infantil de telhas aparentes sarapintadas de terracota queimada Duas pombas que brincam de b

MulherArte Resenhas 09 | Aos 86, Eni Fantini lança seu primeiro livro e nos ensina a libertar por meio da arte

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  Aos 86, Eni Fantini lança seu primeiro livro  e nos ensina a libertar por meio da arte - Por Maizé Trindade Há crença eternizada pela música “Paraíba”, do mestre Gonzagão, de que a paraibana é mulher valente e atrevida. Na verdade se nos dermos ao trabalho de pesquisar, encontraremos exemplos de muitas mulheres inovadoras e progressistas por todo o país. Algumas famosas. Outras, heroínas anônimas, como Eni de Oliveira Fantini. Eni nasceu na cidade mineira de Sabará, em 1934, ano que marcou a edição da terceira Constituição brasileira, considerada progressista para a época por assegurar avanços. Entre eles, ensino primário gratuito, voto secreto e institucionalização do voto feminino. Com certeza, Eni nasceu bafejada por tais ares de abertura pois revelou-se, desde logo, pioneira. Após 27 anos dedicados à área de educação, ingressou no Curso Livre de Artes Plásticas da Escola Guignard, em Belo Horizonte. Em 1987, descobriu interesse novo e enveredou-se pelos caminhos das artes marciai

SEIS POEMAS DE ANNA MIRANDA MIRANDA

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(imagem: Facebook) VERSO LIVRE assim escrevo na borda do tempo  linha riscada em giz de sombra pálida  tempo febril indagações metálicas  ponta de aço enferrujado em lomba lomba de páginas lidas em compasso lomba de canto gasto e atual lomba de lombra curto verso inverso lomba de chão arado tenso igual assim escrevo no raiar da tarde tarde molhada líquida desfeita  tarde que logo será noite. E arde. ardência louca transparente avessa engole o verso a transparência e a tarde mais tarde é noite  antes que anoiteça.  -*-*-*-*-*-*-*-*-*-*- (imagem: Facebook) PALÁVIDA Procura o gozo da palavra fértil  Transforma o gosto da palavra amarga Mastiga o fruto da palavra erétil  Transmuta a pele da palavra gasta Desfaz o pranto da palavra inerte Disseca o assombro da palavra muda Revive a glória da palavra límpida  Constrói a ponte da palavra alada Imanta o som da palavra cantada Inventa a voz da palavra falada Engravida o silêncio da palavra escrita Arremessa a flecha da palavra encorpada Pois qu

Preta em Traje Branco | Dueto de Oyá

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  Coluna 17 Dueto de Oyá Mulher preta .   Quero a liberdade de me querer, Me bastar Me valer Quero a liberdade de me amar Me apetecer Me vencer Quero a liberdade de me tocar Sem vergonha Sem enlouquecer Tirar meus próprios espinhos. Quero me amar, Me apaixonar por mim Pq sou mulher  Preta, Preta assim… De verdade. **************************   Sou   Sou de Oya, De ver, De experimentar. Várias paixões estão no meu caminho, Gosto de viver intensamente cada uma delas, mesmo que tenham espinhos. Todos os amores por mais óbvios, em mim despertam o prazer do desconhecido, Mais que viver , eu gosto de sonhar, Porque sou de quem sou e não posso mudar Nas asas da borboleta No clarão do Raio a cair do céu Pelo rio que passa Com o vento a soprar Sou contraditória certeza Sou de ver, Sou de querer Sou de experimentar Por que sou... filha de  Oya. Ana Paula de Oyá,  é Mulher, filha e mãe preta. Tem como principais formaçõe

Coluna 07 | Mulherio das Letras na Lua - CECÍLIA PESTANA (Portugal)

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                                                                       coluna 07 Divulgando autoras Lusófonas, um poema de CECÍLIA PESTANA Místicos cansaços Horas mortas as que não te ouço Não te vejo, não te sinto, Horas infindáveis essas As que não te pressinto. Horas lentas as do bater do relógio Como se fossem de repente parar, Deixando-me pra aqui queda, muda Na ausência de tanto esperar. Horas mortas que me dás com silêncios Inquebráveis e profundos, Como se quisesses matar-me, Surdas as horas, que não te oiço chegar. Horas de místicos cansaços As que não te vejo, não te sinto… De mansinho a noite chega a soluçar, A soluçar devagarinho!... Funchal, 22 de Julho de 1985 Cecília Maria Pereira Pestana nasceu a 4 de Dezembro de 1957, em Torres Novas, distrito de Santarém. Filha de pais madeirenses e pai militar, passou a infância em Torres Novas, Lourenço Marques (Maputo), Águeda, e veio residir para a cidade do Funchal, Ilha da Madeira, aos 9 anos de idade. Amante de leitura de poe

Seis poemas de Isabel Furini | "Existência"

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  Imagem de Schäferle por Pixabay . Cinco poemas de Isabel Furini EXISTÊNCIA   istmo entre a vida e a morte a existência humana é uma ponte                         sobre o vazio - um momento do rio de Heráclito.     Imorredoura   Mora além             do espaço                         e do tempo ela não se limita não se debilita e não admite confinamento   às vezes morre, mas ressuscita pois a ternura é infinita. Imagem de Free-Photos por Pixabay.   No silêncio   Atravessei a Via Láctea com a imaginação enquanto a minha alma dormitava no silêncio do amor.     Viagem poética   Viajei pelo mundo para observar os poemas e a Poesia percebi rumos fixos e travessias vi grandes mentes que poetizavam e pequenas cabeças que riam mas foi nula a minha artimanha pois a Poesia é paixão mora na alma e morde e arranha os conceitos sustentados pela razão. Imagem de Felix Merler por Pixabay.   MENSAGENS   As cartas