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Resenha do livro de poesia NO OLHO DO PARADOXO, de Priscila Prado

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(Capa do livro NO OLHO DO PARADOXO ) PORQUE NO OLHO DO PARADOXO É POSSÍVEL ABRIR ASAS DE VOAR IMENSIDÃO EM NÓS  por Nic Cardeal No livro intitulado NO OLHO DO PARADOXO (Curitiba: Insight, 2015), Priscila Prado traz à escrita poética os paradoxos intrínsecos à realidade, trabalhando magistralmente com o binômio 'espaço-tempo', bem como com seus ecos e/ou efeitos sobre a psiquê, o coração, a alma. Como muito bem dito na primeira orelha, "o olho do paradoxo é este espaço-tempo que habitamos, cada um ocupado em manter-se no centro de um olho que é múltiplo, interseção dos inúmeros furacões que nos acometem e acolhem simultaneamente. O centro deste paradoxo hipercomplexo é um equilíbrio tão perene quanto precário, dinâmico, instável, vivo. Por isso estes poemas provisórios" .  O livro, todo costurado por esses 'poemas provisórios', é dividido em três partes (arrisco dizer - quase etapas de vida): (1) 'tudo o que não sei' ; (2) '

Para não dizer que não falei dos cravos | Poemas e videopoemas de Rogério Bernardes

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Coluna 02 Poemas e videopoemas de Rogério Bernardes Lu Valença DIPLOMA   Fora o barulho do ar-condicionado tudo a incomoda.   Os olhos dançam nas órbitas em busca de um ponto fixo enquanto as mãos tremem.   O pensamento vai longe e nada pesca na volta se é que já voltou.   Não há pílula não há café não há baseado não há bíblia não há novela não há coxinha nem mortadela a geladeira e a rede social foram esvaziadas antes não há fome nem conflito.   Não mais!   Fora o barulho do ar-condicionado nos minutos finais o silêncio se apodera o calor é só lá fora dentro é frio a caneta é fria o papel é frio o recado é frio.   Na gaveta aberta no lugar do diploma nunca usado duas linhas perfurantes e um só alvo: o abusador.   Na manhã seguinte quando o primeiro dia da ausência arrombar a porta o ‘porque não!’ der lugar ao ‘por quê?’ as surras cederem à solidão a ‘puta desgraçada’ não ouvirá o ‘volta, meu amor

Olhos nos olhos | Marilia Kubota

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    MOSAICO Coluna 17    –   Crônica Olhos nos olhos  por Marília Kubota Não olhar nos olhos é sinal de que o interlocutor está mentindo. Pelo menos no Brasil. Já na cultura japonesa, olhar nos olhos é uma afronta. Os japoneses mantêm os olhos baixos, e preferem, espiar, ou espreitar. Seguindo a tradição de olhar pelas frestas, ou olhares furtivos, usa-se reflexos de vidros das janelas, em metrôs e trens. Assim, podem olhar, até com interesse, indiretamente. Um dos escritores japoneses mais celebrados no mundo, o Prêmio Nobel Yasunari Kawabata, em seu romance O país das neves , descreve a miragem oblíqua de uma garota pelo protagonista através das janelas de trem. No século X, as mulheres da corte espiavam detrás de biombos para verem reis e nobres conversando, discutindo e escrevendo relatos oficiais. A elas não era permitido participar destes colóquios. Por trás de biombos, mandavam cartas umas às outras, usando uma língua clandestina: a escrita fonética hiragana. Era vedado a

Era uma vez 5I Rita Queiroz, fisgada pela literatura infantil

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  CIRANDA ELETRÔNICA   No tablet ou no celular Só quero jogar E nada de estudar.   São joguinhos cheios de bichinhos De tramas e caminhos Para ficar perdidinho.   Papai e mamãe escondem tudo Para eu poder estudar profundo E fazer as provas em um segundo.   Quando o ano terminar Vou apenas brincar Até nas águas do mar, meus dedos vou deslizar. Esse lindo poema é da escritora Rita Queiroz que está no  livro “Ciranda, cirandinha: vamos brincar com poesia?”, poema feito    para seus sobrinhos – Rodrigo e Daniel, que dialoga com a vivência da criança de hoje. Vamos ler mais um? Dessa vez do livro Bordados de sonhos. ESTRELA MALU   Malu é uma estrela de quinta grandeza Tem cheiro de alfazema e cor de framboesa Seus olhos são duas pérolas E, os cabelos, uma cascata de beija-flor.   Malu é muito comilona: Gosta de pão de queijo Sorvete e maçã do amor Doce de goiaba e bolo de chocolate com limonada.   Malu e as outras estrelas Bordam o céu com delicados desenhos Re

Resenha do livro O INDIZÍVEL SENTIDO DO AMOR, de Rosângela Vieira Rocha

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(Capa do livro O INDIZÍVEL SENTIDO DO AMOR ) UM MERGULHO N'O INDIZÍVEL SENTIDO DO AMOR' por Nic Cardeal   Muito já se falou sobre o livro O INDIZÍVEL SENTIDO DO AMOR , da escritora ROSÂNGELA VIEIRA ROCHA , publicado em 2017 pela Editora Patuá. No entanto, penso que nunca será dito o suficiente, nunca será sentido o bastante. Dilacerante, profundo, de fazer intensos rasgos em nossa percepção, para que alcancemos veios muito mais profundos em nossa maneira de ver o mundo, de perceber o outro, de experimentar o amor em todas as suas nuances, de compreender o sentido da efemeridade de tudo isso a que chamamos ‘viver’.  Creio que não há quem não se sinta atingido por essa narrativa. Estava certa a também escritora e amiga do Mulherio das Letras, Giovana Damaceno, quando certa vez disse que, para os que a conhecem, não há como ler os livros de Rosângela sem ouvir sua própria voz. De fato, durante toda a minha leitura fui acompanhada da voz da autora, em minha mente

Divina Leitura | O processo de morrer em "Alguém pra segurar a minha mão" de Giovana Damaceno

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  Coluna 03 O processo de morrer em Alguém pra segurar a minha mão de Giovana Damaceno - por Divanize Carbonieri   Não sei redigir resenha sobre livro-reportagem. Não vou fingir que sei. Não tenho nem mesmo certeza quanto ao termo correto. Será que o melhor não seria dizer “jornalismo literário”? Se estou usando conceitos ultrapassados, peço desculpas. Mas quero escrever sobre o livro de Giovana Damaceno, Alguém pra segurar a minha mão (Penalux, 2020), porque foi uma leitura que me tocou. Quando pensei em criar esta coluna, “Divina Leitura”, o que tinha principalmente em mente era apresentar às leitoras livros de que tivesse gostado e incentivar novas leituras. Aqui não tenho objetivos acadêmicos, que reservo para outras instâncias das minhas atividades. É claro que, após tantos anos na academia, é quase impossível que um texto meu não venha a ser contaminado por algum academicismo. Mas, nesta coluna, quero realmente escrever de forma mais acessível e fluida. E esses são os