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Mostrando postagens com o rótulo literatura de autora feminina

Minha Lavra do teu Livro 14 | "PARA DIMINUIR A FEBRE DE SENTIR", de DALVA MARIA SOARES, por Nic Cardeal

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Minha Lavra do teu Livro 14 - resenhas afetivas - "PARA DIMINUIR A   FEBRE DE SENTIR": ESCREVER PARA ALIVIAR  AS DORES DO VIVER "Todo símbolo tem uma carne, todo sonho uma realidade." (Oscar V. L. Milosz) PARA DIMINUIR A FEBRE DE SENTIR , de DALVA MARIA SOARES (Belo Horizonte/MG: Venas Abiertas, 2020) é um livro de crônicas do cotidiano, mas também é poesia em prosa - afinal, teríamos como estancar o poético da vida? Não. Não me parece possível, mesmo que a realidade seja tão nua e crua quanto as lágrimas que jorram feito temporal barulhento num rosto cansado de mãe à procura do 'sempre' melhor para o filho. Ainda assim, ali mesmo - nas lágrimas - a poesia sangra, porque poesia também é ferida aberta e, a palavra, a agulha que a costura (*). O título do livro é bem propício: nas mãos de Dalva todo o sentir parece febril - é preciso, então, reduzir a temperatura do corpo para tocar a caneta e mergulhar na palavra [que às vezes - ou quase sempre - queima até

Minha Lavra do teu Livro 09 | "ABISMOS E ASAS", de ELIANE CAMPOS, por Nic Cardeal

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Minha Lavra do teu Livro 09 - resenhas afetivas -  "ABISMOS E ASAS": A TERAPIA DO LIVRO  NA  SUPERAÇÃO DA DISLEXIA   "- Tem algum remédio para dislexia?    - Ler livro diariamente!" (Eliane Campos) ABISMOS E ASAS: UMA JORNADA - DE DISLÉXICA A TERAPEUTA DE DISLÉXICOS  (Eliane Maria Fernandes Campos, Porto Alegre/RS: Dialogar Editora, 2021) é um livro marcante, pois trata da 'dolorosa' trajetória de uma criança mal compreendida em suas dificuldades cognitivas e de linguagem, e que, apesar delas, conseguiu transformar suas vivências em ensinamentos preciosos para ajudar no processo de aceitação e evolução de outras crianças e jovens  também disléxicos, através de um 'instrumento de trabalho' encantador: o LIVRO! Em sua narrativa, Eliane escancara seu coração com coragem e doçura - às vezes com lágrimas desavisadas, mas necessárias, outras, com leveza e alegria -, sabendo que o lúdico é um dos melhores companheiros para a criança compreender e aceitar se

A POESIA EMOCIONANTE DE FLAVIA QUINTANILHA | Projeto 8M

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fotografia do arquivo pessoal da autora  8M (*) Mulheres não apenas em março.  Mulheres em janeiro, fevereiro, maio. Mulheres a rodo, sem rodeios nem receios. Mulheres quem somos, quem queremos. Mulheres que adoramos. Mulheres de luta, de luto, de foto, de fato. Mulheres reais, fantasias, eróticas, utópicas. Mulheres de verdade, identidade, realidade. Dias mulheres virão,  mulheres verão, pra crer, pra valer! (Nic Cardeal) É preciso mergulhar na poesia emocionante de FLAVIA QUINTANILHA : ESTRELA quando amei aquela estrela deixei o cinza no fundo da gaveta sorri colorido e foram verdes minhas mãos em seus olhos vi o universo espalhado em folhas numa muda de alfazema e meus cabelos ventavam alecrim em seus beijos desenhei a pétala o jardim cantava pimentas num lençol de algodão e os quadros se firmaram no ar de nossos poemas tentei alcançar aquela estrela nas receitas que não cozi nas rendas que acabei ao tecer fechaduras e meu corpo já não me comporta nem as folhas nem as asas quando am

De sacadas e varandas | Marilia Kubota

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  MOSAICO Coluna 28    –   Crônica DE SACADAS E VARANDAS por Marília Kubota Moro num pequeno apartamento de um quarto, no centro de Curitiba. Há uma sacada para a rua, para a qual, há alguns meses, arrastei a mesa de trabalho. Assim posso receber mais luz, à tarde, e ver o sol se pôr. Dali, vejo apenas dois vasos da área comum de meu condomínio, as lixeiras, os prédios vizinhos e um trecho da rua.  Na casa de meu pai, em Paranaguá, ao contrário, há uma grande sacada dando para a rua. Lá dá para ver uma praça onde está instalada a Biblioteca Pública Municipal, um estacionamento,  várias casas, muitos prédios. Estou tergiversando sobre vistas de sacadas. Gostaria de falar sobre a vizinhança.   Meu  vizinho em Curitiba tem gaiolas com  pássaros que cantam durante quase o dia inteiro. No início da pandemia, enquanto eu cumpria o isolamento social restrito, eram eles que me alegravam. O vizinho da casa de meu pai também cria pássaros. E plantas. Da janela de meu quarto, dá para ver um mamoe

Santiago insurgente | Marilia Kubota

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    MOSAICO Coluna 21    –   Crônica Santiago Insurgente por Marília Kubota No dia 17 de outubro de 2019, cheguei a Santiago para participar do 7º Encontro Internacional de Editoras Cartoneras. O plano era acompanhar os três dias do evento e conhecer a capital chilena e arredores. Amigos de São Paulo já estavam lá. Na noite deste dia aconteceria a abertura, na Biblioteca Nacional de Santiago. Ao embarcar no metrô, um amigo falou sobre o movimento pula-catraca, realizado por estudantes, em protesto contra o aumento de tarifas. Na estação, no vagão e nas ruas, vi rostos melancólicos de chilenos, mestiços e com traços indígenas, contrastados ao rosto sorridente do presidente e empresário bilionário Sebastián Piñera. Na madrugada de 18 para 19 de outubro, Piñera decretou Estado de Emergência. Estações de metrô haviam sido queimadas pelos manifestantes. Ver os canais CNN Chile e Telesur assustava. Parecia haver incêndios e saques em toda a cidade. Mas, era possível sair nas ruas. No p

Maria Amélia Elói - Poeminha e conto

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Fotografia por Marcelo Sena Flor-essência Quero mesmo é florescer. Até toda flores ser. (Maria Amélia Elói) *** Veludo   ( por Maria Amélia Elói ) Programou-se para receber a segunda visita no quinze de abril. Desde então, esperou precavidinha por dezessete dias, trazendo sempre um protetor longo, almofadado e cheio de abas – matéria estranha que incomodava a menina e absorvia a espontaneidade de seus movimentos. Com a prolonga da espera, a pele dos fundilhos foi ficando áspera e descamada, chegando a assar. Então, Janaína simplesmente desistiu do aguardo e parou de usar o monstrengo. “Viva. Estou livre.” Ficou feliz, porque não via vantagem nenhuma no tal presente mensal encarnado. Leu sobre mocinhas irregulares, que só sabiam falhar e falhar. “Oba. Deve ser o meu caso. Acho que agora vai demorar a vir de novo.” Não queria ser chamada de pré, nem muito menos de adola, adolescente. Tudo ia muito bem, aquela infância confortável de novo. Janaína brinca