Fotografia 4 | Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte - Denise Dietrich

| fotografia 4 - Denise Dietrich |


Projeto Pixel Ladies + Revista Ser MulherArte 
por Bianca Velloso, Suzana Pires, Chris Herrmann e Lia Sena

Pixel Ladies é um grupo de fotógrafas brasileiras com experiências de vida diversas e a Revista Ser MulherArte é um coletivo de artistas mulheres de língua portuguesa. Ambos têm o objetivo de divulgar a produção artística das mulheres.

A arte é o que nos salva da dureza dos dias. Por isso a Pixel Ladies e a Revista Ser MulherArte lançaram um desafio poético durante a quarentena. A Pixel Ladies propõe a imagem em postagem no Facebook e as poetas que se sentirem tocadas escrevem um poema. A Revista Ser MulherArte seleciona e publica.

A fotografia número 4 foi da Denise Dietrich
Estes foram os poemas selecionados e suas autoras:



Fortaleza

entregue aos afetos
a cada solavanco na vida
uma embrutecida.

Silvia Maria Ribeiro


___

Não te demores

Não te demores em tuas ausências
pois o tempo sem te notar a presença
brinca de eternidade.

Denise de Castro


___


O banco

o banco daquele jardim
testemunhara doçuras
agruras lamentos sorrisos
anseios de ricos
e pobres

permitiu-se cobrir
de folhas secas
como meus olhos
de outono
de pétalas de jasmim
das primaveras
que não festejei

naquele banco
coube um universo
de sonhos
que eu desconheço
só não cabe nele
o imenso vazio de mim

Chris Herrmann


___


Quase amor

houve tardes
mansas
doces
onde xales
podiam tecer
histórias

houve bancos
sólidos
rijos
onde dias
podiam abrigar
vidas

houve paixões
intensas
ébrias
onde beijos
podiam acender
fogueiras

acho que foi no tempo
em que tu surgias nas alamedas
e era quase amor

Mara Magaña


___


Em uma tarde

Em uma tarde de outono qualquer,
Sentada a pensar estava uma mulher,
Que tempo é esse que estamos vivendo?
Tempo em que muitos estão morrendo...
Tempo de repensar o que estamos fazendo...
É tempo de reflexão e de buscar um mundo
com mais compreensão...
É tempo de olhar pra frente e perceber
que o mundo é feito de  gente,
Gente que ri, que chora, que sente...
É tempo de ser RESILIENTE,
É tempo de reaprender a ser GENTE!

Cinthya Regina Persike


___


Ócio

Tempo santo em meio à
ciranda da vida.
Desalinhos, descaminhos e desapegos.
Ela chega em casa,
reencontra seu viço no espelho e vira com firmeza a ampulheta.

Viviane Justo


___


Itinerário

Levava a alma a passear:
todas as manhãs
quarava a alma
esquentava os ossos
era preciso espantar
o pó dos dias

olhava as folhas
tapete que pisava
e repisava
quem sabe
seria seu último dia?

Nesses momentos
o banco, o parque,
as árvores,
o mundo,
tudo era quase seu.

De seu
no entanto
havia apenas
seu coração
batendo, batendo
e seu corpo
que, em breve,
seria pó e só.

Claudia Manzollilo


___


Accanto a me (ao lado de mim)

Não escrevo para fantasmas
Mas é dia de sol

Mulher no banco da praça
sentada ao lado de mim
No regaço invisível
Propriedade: virtudes de nada

Até as coisas infinitas morrem
na insônia da memória
Distração natimorta
Fotografia: no preto e no branco

Hoje, apenas a mulher
No relógio de areia
Entrou a solidão, saiu a cura
Afetos: a sete palmos de tudo

Mas é dia de sol...
E não escrevo para fantasmas

Ana Cecília Romeu


___


Revelação

Aqui me encontro, transbordante do que espero, a angariar no manto azul do sonho, pequenas estrelas/palavras que esculpem a poesia viva e arrastam dias pelos caminhos da incerteza. Verdejante viceja o tempo, e não amarelaram ainda as folhas do outono, porém, ventos já assopram o inevitável dilema que os milagres da paixão nos trazem. E chegará o outono, a aquecer com suas mornas luzes, a hesitosa esperança de um amor refugiado no silêncio das palavras, desejado amor que nos arrepia a pele quando nos faz sonhar acordados e que talvez, em meio aos ventos da primavera se revele.

Helena da Rosa


___


Neste Momento


Neste momento não me sinto sozinha.
Os bons ventos me trazem notícias
e o calor do sol me lembra os abraços
da família e amigos.

Lisiane Zwetsch


___


A mulher de uma perna só

Preferia o parque vazio.
Sentar no banco sob o sol do outono em paz.
Nada de multidão, cachorros e crianças correndo.
Nenhum daqueles pirralhos a apontar,
nem cães a confundir a muleta com poste.

Valeria Bicca Ferrari


___


Há uma guerra

Há uma guerra no meu tempo...dizem
E nossa arma é a melancólica solidão. 
Será esta uma condenação pelos nossos crimes  
Estamos condenados?
Há uma guerra no meu tempo, mas agora as armas
que os humanos construíram caem obsoletas
até no mundo das produções hollywoodianas 
O inimigo é invisível e atravessa fronteiras 
a nos mostrar 
que as divisões políticas são apenas cicatrizes da terra.
Desta terra que matamos pelo nosso silêncio
Nossa impassibilidade  

Fujo para minha praça, 
e lá compreendo ainda mais estes tempos. 
Tempos estranhos de premunições invencíveis

Nesta terra, neste parque, onde luto só
Por um sol, por ar fresco...
Não há exército que venha me salvar

Suzana Weber


___


A Naturalidade que falta

Há um detalhe que talha o caminho
Interrompe a harmonia da paisagem

Uma criança sozinha
O balanço vazio

Ou seria uma alma faminta
entre os troncos das árvores?
Talvez a solidão grassando à luz do dia

Uma promessa distante
A obscuridade do presente
A desenhar um raro instante
Enquanto tudo diz
Que a humanidade nunca mais será a mesma
[Tanta é a morte que a especula
A tragédia que a persegue]
Por nunca ter referido o seu mea culpa,
mea culpa, mea maxima culpa.

Tere Tavares


___


Ausência

A tua

Ausência

É nada

Ante

O frio

Vazio

Daquele

Banco

Sombrio

A esperar

Um fio

Do teu

Amor

Vadio

Baldio

Fugídio.

Wanda LL Cozzi


___


Houve um tempo em que foi necessário
apreciar a solidão para compreendermos
a imensidão

..

Solitude: uma atitude de imensa magnitude para promover a saúde,  em latitude e longitude.

..

O calor do sol aquece tempos gelidos e convida a refletir sobre os mais singelos sentimentos e elos.

..

Sol, clareira da vida, ilumina a escuridão por nós vivida, 
afastai o obscuro e nos "convida" a viver mais seguros.


Adriana Oliveira


___


Conversa

Atento para ouvir o teu silêncio.
Envolvente para te receber num abraço,
te dar um colo.
Pronto para ouvir as alegrias e os lamentos,
no vai e vem,
teu e da vida.
Ali estará o amigo para
todos os momentos.

Em silêncio: ele não fala,
mas te conduz ao mais recôndito do "eu",
pelas mãos.

Sem dizer palavra
o banco te responde
pelos teus próprios caminhos.

Sida Mara da Silva




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