Um poema de Wanda Monteiro traduzido em espanhol | "La Tierra anda cansada de nosotros"

 

"Daughter of Gaia". Kerry Darlington.

Um poema de Wanda Monteiro 

traduzido em espanhol



La Tierra anda cansada de nosotros

Tradução: Arturo Jiménez Martínez

 

La tierra anda cansada de nosotros ______________________________

siento el dolor más profundo de la herida abierta

y esa inmensa tristeza

cuando me derrumban las selvas

y soy golpeada por la lámina

que estremece corta

y me destruye

siento la profunda desolación al rasgo agudo y lacerante

en el arrancar de las raíces por el hacha

en su brutal danza a medio arco en el rarificado aire

lamento el llanto sofocado de las verdes copas cayendo al suelo

que lloran la muerte inútil de sus frutos

en el crujido de las ramas

rompiéndose al viento por la furia de la destrucción

claros sin luz, desagrados, escombros, silencios en el destino de la saña humana

el espasmo sofocándome el lecho

sacándome el aliento

en la penetración estúpida y cruel del mortificante metal en mis aguas

la muerte me asombra a cada lastre de atómico residuo en mis mares

padezco de ese desencanto

en el cerrar de ojos de mis restingas

de mis campos y veredas

verde vida secando, quemando

disipando al desprecio

por la saña humana

me quiebran las rocas

me matan las fuentes

me envenenan el aire

extinguen mis manantiales

me asalta el agudo dolor por la violación de las vidas que me habitan

vidas calcinadas

por el fuego vil y depredador

el dolor de esa madre se entraña en los hijos

les quiebra los huesos

les rompe las venas

les sangra la carne

les arranca los pies

en el suelo de la madre

la tristeza se resigna a la sombra de la muerte

en la muerte de los días


"Celtic Twilight". Kerry Darlington.

A Terra anda cansada de nós

 

A Terra anda cansada de nós ______________________________

 

sinto a dor mais funda da ferida aberta

e essa imensa tristeza

quando me tombam as matas

e sou golpeada pela lâmina

que treme  corta

 esfacela-me

 

sinto a profunda desolação ao rasgo agudo e lancinante

no arrancar das raízes pelo machado

m sua brutal dança ao meio-arco no rarefeito ar

 

choro o pranto abafado das verdes copas caindo ao chão

que choram a morte inútil de seus frutos

no estalo dos galhos

rompendo-se ao vento pela fúria da destruição

 

sendas sem luz, desvãos, escombros, silêncios no destino da sanha humana

 

o espasmo esmagando-me o leito

tirando-me o fôlego

na penetração estúpida e cruel de mortificante metal em minhas águas

 

a morte assombra-me a cada lastro de atômico-lixo em meus mares

 

padeço desse desencanto

no fechar de olhos de minhas restingas

de meus campos e veredas

verdevida secando, queimando

esvaindo ao desprezo

pela sanha humana

 

quebram-me as rochas

matam-me as fontes

envenenam-me o ar

extinguem os meu mananciais

 

acomete-me a aguda dor pela violação das vidas que me habitam

vidas calcinadas

pelo fogo vil e predatório

 

a dor dessa mãe entranha-se nos filhos

quebra-lhes os ossos

rompe-lhes as veias

sangra-lhes a carne

arranca-lhes os pés

 

no solo  da mãe

a tristeza resigna-se à sombra da morte

na morte dos dias


"Breath of the Wild". Kerry Darlington.



Wanda Monteiro, advogada, escritora, uma amazônida nascida à margem esquerda do rio Amazonas, em Alenquer, Pará, Brasil. Colabora com vários projetos de incentivo à leitura de seu país, seus textos poéticos são publicados em importantes revistas literárias - impressas e digitais - veiculadas em várias regiões do pais, como Mallamargens, Revista Gueto, Acrobata, Diversos &Afins, Relevo, Lavoura, Zona da Palavra, Vício Velho, Ruído Manifesto, LITERATURA BR, Literatura&Fechadura, DesEnredos, InComunidades (Lisboa). Tem seus poemas publicados nas antologias: Senhoras Obscenas; Proyecto Sur Brasil, Sarau da Paulista; Mulherio de Letras/Lisboa e na primeira e histórica publicação impressa da Revista Literária GUETO. Obras publicadas: O BEIJO DA CHUVA, 2008, Ed Amazônia; ANVERSO, 2011, Ed Amazônia; DUAS MULHERES ENTARDECENDO, 2015, Ed TEMPO -  em parceria com a escritora Maria Helena Latinni; AQUATEMPO, 2016, Ed Literacidade; A LITURGIA DO TEMPO E OUTROS SILÊNCIOS, 2019, Ed Patuá, AQUATEMPO AQUATIEMPO, Editora Patuá, 2020. Participou nesse ano de 2020 de duas publicações com textos poéticos: a coletânea em livro manifesto antifascista chamada Ato Poético, editora Oficina, organizado por Márcia Tiburi e Luís Maffei, e a segunda, a coletânea ANTIFASCISTAS, contos, crônicas, poemas de resistência, organizada por Leonardo Valente e Carol Proner, editora Mondrongo.



Comentários

PUBLICAÇÕES MAIS VISITADAS DA SEMANA

Mulher Feminista - 16 Poemas Improvisados - Autoras Diversas

200 palavras/2 minicontos - por Lota Moncada

A POESIA FANTÁSTICA DE ROSEANA MURRAY | PROJETO 8M

Nordeste Maravilhoso - Viva as Mulheres Rendeiras!

De vez em quando um conto - Os Casais - por Lia Sena

Cinco poemas de Eva Potiguar | Uma poética de raízes imersas

Preta em Traje Branco | Cordel reconta: Antonieta de Barros de Joyce Dias

UM TRECHO DO LIVRO "NEM TÃO SOZINHOS ASSIM...", DE ANGELA CARNEIRO | Projeto 8M

Resenha 'afetiva' do livro O VOO DA GUARÁ VERMELHA, de Maria Valéria Rezende

Uma resenha de Vanessa Ratton | "Caminho para ver estrelas": leitura necessária para a juventude