Poemia 01 | Tempo - por Chris Herrmann

| coluna 01 |


Estreando esta nova coluna, onde trarei sempre dois poemas autorais e uma imagem artística. Hoje quero falar do tempo...


O tempo

o que me assombra
não é o tempo que perdi
reverenciando inutilidades,
nem a imagem refletida
que tiveram de mim.

me assombra é o tempo,
o que se perdeu na carcaça,
que me fez caça e prisioneiro,
que não mais me serve.

mais ainda me assombra
não é a sombra que eu era,
mas a que ficou vazia e só
nas águas de um tempo ido.



Aquarela de Lu Valença


Muda

nunca tive a certeza das árvores
vi minhas raízes crescerem
nômades, avançar rios, lágrimas
cachoeiras sem eira nem beiras
fazer cabo de força de mim
entre continentes e oceanos

nunca tive a certeza dos troncos
mas a dos trancos e barrancos
das tempestades sem fim

a certeza, eu aprendi
foi com a muda
que teve a planta dos pés
queimada
e as folhas arrancadas
por outonos atrevidos

a muda me ensinou a falar
para sobreviver
à próxima estação

me ensinou também
a ter a certeza
de que tudo
muda.

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