Bailarina brasileira de sucesso nos cabarés de Paris - Charlotte Janaina Calixte

Imagem: Instagram - arquivo pessoal

bailarina brasileira Charlotte Janaína Calixte brilha como uma das principais dançarinas do tradicionalíssimo cabaré Lido em Paris.



Faz mais de 10 anos que Charlotte Janaina Calixte trabalha com plumas e glitter debaixo dos holofotes, já que é solista do cabaré Lido. Filha de brasileira e francês, Charlotte nasceu em Fortaleza, no Ceará, mas morou desde sua infância na França. Sonhava em ser bailarina clássica, mas sua altura de 1,82m não a permitiu.

Charlotte começou a fazer balé aos quatro anos de idade e aos 15 já estava na escola de dança Rosella Hightower, em Cannes, uma das mais reputadas no país. No entanto, logo percebeu que uma carreira no balé clássico não seria o seu destino.

"Eu sendo bailarina clássica, tinha esse sonho de dançar na Ópera de Paris, mas aí que eu terminei medindo 1,82m de altura, então eu já sabia que esse sonho ia ter que evoluir, ” conta com seu sotaque franco-cearense.

Muitos amigos falavam para ela tentar uma vaga nos cabarés, que são lugares icônicos da vida boêmia parisiense. Nesses espaços, a altura mínima das dançarinas é de 1,75m. Aos 18 anos, Charlotte Janaina fez um teste e conseguiu uma vaga no célebre Moulin Rouge. Fundado no mesmo ano que a Torre Eiffel, em 1889, o local é um dos pontos turísticos mais famosos de Paris e foi até cenário de um filme com o mesmo nome.

Foi lá, e depois no Lido, que a franco-brasileira começou a gostar do teor lúdico, glamouroso e sensual misturado ao rigor artístico que ela já conhecia no balé clássico. Com 12 shows por semana e dois por noite, os dançarinos de cabarés são considerados profissionais com alto nível técnico e artístico.

“Eu sou uma pessoa normal na minha vida pessoal, mas me sinto como uma deusa no palco do Lido. Tem essa coisa de feminidade um pouco exagerada, um pouco sensual, ” conta. “E você vê nos olhos do público essa imagem que eles têm da gente, então você se transforma.”



Cabarés parisienses

“Quando minha avó brasileira soube que eu iria trabalhar em um cabaré, ficou morrendo de medo” afirma Charlotte. Na França, a palavra “cabaré” não tem a mesma conotação que no Brasil. Essas casas de shows prosperaram no século 19 durante uma época conhecida como Belle Époque (1871-1914). Quando surgiram, eram pontos de encontro entre as classes altas e baixas de Paris.

O Lido, por exemplo, foi criado em 1928 na Avenida do Champs-Elysées como uma espécie de “praia parisiense”, pois funcionava como uma piscina pública durante o dia e à noite propunha espetáculos de teatro e dança.

Com o tempo, os cabarés passaram por diversas mudanças. A Primeira Guerra mundial fez com que vários desses espaços fechassem suas portas e os que restaram tiveram que aumentar os preços das entradas para continuar funcionando.

Os estilos dos espetáculos também mudaram com a cultura e as normas sociais da época. Para Charlotte, a sensualidade das apresentações de hoje em dia não tem uma função sexual, mas são uma forma de mostrar o poder da mulher e do universo feminino.

“O Brasil também tem essa liberdade corporal, essa tradição da feminilidade, mas aqui [na França] não é tão sexual. Eu sei que no Brasil, por exemplo, não se pode fazer topless na praia, enquanto aqui não tem problema, porque o nu não quer dizer sexo. No Lido, você mostra os seios. É sensual, mas não tem essa conotação sexual."

Um dos shows no Lido, por exemplo, o "Barricade", é uma homenagem à Revolução Francesa. Neste espetáculo as mulheres são chefes e os soldados militares subalternos.



Celulares durante os espetáculos

Segundo Charlotte, os cabarés modernos buscam homenagear a mulher e não a tratar como objeto de desejo. Mas existe atualmente algo que atrapalha esse objetivo: os celulares. Apesar de ser proibido, muitas pessoas filmam as apresentações.

Para as dançarinas, isso é uma invasão de privacidade, porque elas não deram consentimento para a gravação. Por isso, para Charlotte, ainda existe a necessidade de explicar ao público a ideia de permissão e de uso de imagens.

“Eu me sinto um pouco invadida, porque há uma diferença entre fazer uma performance no palco e aceitar ter sua imagem usada em qualquer lugar, ” explica Charlotte.

Visitar um cabaré parisiense é prestigiar uma arte que nasceu nas classes populares parisienses e evoluiu, como o drag e o burlesco, para celebrar a feminilidade. Mas, a dançarina franco-brasileira recomenda: os shows devem ser apreciados com os celulares desligados.



[Fonte amp.rfi.fr]

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